Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Amaral, José Maria Raposo do

[N. Ponta Delgada, 1826 - m. 1901] Filho de Nicolau M. R. Amaral (Filho), desde cedo começou a colaborar com o pai na administração de sua casa, uma das mais ricas de S. Miguel. Grande entusiasta do desenvolvimento local, juntou-se a um grupo de Gentlemen Farmers micaelenses com quem introduziu melhoramentos na agricultura, não só através da Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense, de cuja direcção fez parte, como introduzindo nas suas propriedades novas espécies de cereais, máquinas agrícolas, diversas raças de gado bovino, ovino e cavalar. Seguindo a tradição de seu pai e avô, lutou pela plantação de matas na ilha e desenvolveu a cultura do chá, criando na sua propriedade da Barrosa uma indústria deste produto. Explorou uma nascente de água mineral nas Lombadas. Interessou-se pela piscicultura, levando à lagoa das Sete Cidades novas espécies. Ver achigã.

O seu dinamismo está ainda presente na fundação da Fábrica de Álcool de Santa Clara e da Empresa Insulana de Navegação. Fez parte da Junta Administrativa do Porto de Ponta Delgada. Foi admitido na Irmandade da Santa Casa da Misericórdia, em 1848. Monárquico constitucional e liberal (apoiou a Junta Governativa de S. Miguel, que se constituiu na sequência da Maria da Fonte), foi chefe do Partido Progressista desde o seu início até 1901. Par do Reino por carta de 4.3.1880. Membro da Comissão Autonómica do Distrito de Ponta Delgada, bateu-se com seu filho, nas eleições de 1894, em prol da autonomia, tornando-se um dos líderes deste movimento. Sob a sua direcção o Partido Progressista passou a denominar-se Progressista-Autonómico. Margarida Vaz do Rego (Mar.1996)

Fontes. Universidade dos Açores (Serviços de Documentação, Ponta Delgada). Arquivo José Maria Raposo do Amaral, Correspondência, 5 vols. (1852-1901). Id., Registo de gado bovino (1880). Id., Contas do chá e batata (1884-1902). Id., Acta da secção da Assembleia Instaladora do Partido Progressista; Inscrição de sócios contribuintes da Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense - Contas (1898-1912).

 

Bibl. Chronica moral (1920), Revista Micaelense, 3, 2: 784-791. Cordeiro, C. (1995), Para uma cronologia do 1.º movimento autonómico, In Biblioteca Pública e Arquivo de Ponta Delgada (ed.), Catálogo da Exposição do 1.º Centenário da Autonomia dos Açores: 19-60. João, M. I. (1991), Os Açores no século XIX. Economia, Sociedade e Movimentos Autonomistas. Lisboa, Ed. Cosmos. Leite, J. G. R. (1995), Política e Administração nos Açores de 1890 a 1910. O 1.º Movimento Autonomista. Ponta Delgada, Ed. Jornal da Cultura. Miranda, S. (1989), O ciclo da laranja e os «gentlemen farmers» da ilha de S. Miguel. Ponta Delgada, Instituto Cultural de Ponta Delgada. Silva, A. M. M. (1992), Introdução de peixes dulciaquículas na Ilha de S. Miguel, Subsídios para a sua História. Ponta Delgada, Secretaria Regional de Agricultura e Pescas.