Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Abreu, Eduardo

(E. Augusto da Rocha A.) [N. Angra do Heroísmo, 8.4.1855 - m. Braga, 4.2.1912] Doutor em Medicina pela Universidade de Coimbra, onde tomou capelo a 27.11.1887. Foi sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa, médico extraordinário do Hospital de S. José de Lisboa, nomeado por concurso; deputado às Cortes, eleito duas vezes pelo círculo de Figueiró dos Vinhos, em 1886 e 1887 (pelo Partido Progressista), e pelo círculo de Lisboa, em 1892 e 1894 (pelo Partido Republicano); senador da República, eleito por Angra do Heroísmo.

Em 1881, representou a Universidade de Coimbra nas festas do bicentenário de Calderón de la Barca; em 1882 participou activamente nas comemorações do centenário do marquês de Pombal; em 1885 partiu para Espanha para estudar o famoso «método Ferran» de combate à cólera, de que resultou o seu livro Notas de uma viagem de estudo. O médico Ferran e o problema scientifico das vacinações colericas, Lisboa, Typ. Universal, 1885, 256 pp. No ano seguinte foi enviado a Paris, para estudar com Pasteur a nova profilaxia da raiva, publicando logo de seguida o volume A Raiva, Lisboa, Imprensa Nacional, 301 pp.

Dotado com largos recursos científicos e experimentais que lhe permitiam o acesso à docência universitária, nunca o pretendeu nem aceitou, apesar de ser para isso convidado e instado. A sua maneira de ser e uma certa independência de carácter não o atraíam para esta ordem de trabalhos, nem para lugares remunerados, que nunca procurou ou aceitou.

Preferiu dedicar-se ao exercício da medicina ao jeito de um «João Semana» gracioso, e entregar-se à sua verdadeira paixão, que era a política, onde consumiu os melhores anos da sua vida. Secretariou e redigiu o relatório da Comissão Executiva da Subscrição Nacional para a Defesa do País, publicado pela Imprensa Nacional em 1897 e 1899 - Sousa Martins diria mais tarde que a aquisição do cruzador Adamastor, levada a efeito por essa comissão, só foi possível porque Eduardo Abreu fora «o músculo e o nervo da Comissão». Por mais de uma vez, foi eleito membro do Directório Republicano, onde trabalhou com os seus conterrâneos Faustino da Fonseca e Manuel de Arriaga.

Deixou um importante arquivo de correspondência com todas as grandes figuras de relevo político e social do seu tempo, que ficou à guarda de seu irmão José Júlio da Rocha Abreu, em Angra, e que hoje pertence aos herdeiros deste. Está pronta para publicação (1996), com leitura, introdução e notas de Jorge P. Forjaz, uma selecção dessa correspondência, intitulada Correspondência para Eduardo Abreu - 1880-1912. Jorge Forjaz e António Maria Mendes (Fev.1997)