[N. Paris, 1891 - m. ibid., 1944] Foi professor de Botânica (Criptogâmica) no Museu de História Natural de Paris, tendo exercido em pleno esta função até à sua morte (Gaume, 1945). Na extensa obra deste cientista, que pode ser considerada a base da fitossociologia e biogeografia europeia (Jovet, 1944), não se pode pôr de parte toda a atenção que dedicou à flora briológica dos Açores. Na realidade, os estudos e explorações que levou a cabo em 1937, durante cerca de 4 meses, nas diferentes ilhas do arquipélago (excluindo o Corvo e a Graciosa), constituem um marco e representam o maior contributo para o conhecimento da briologia açoriana. Até 1937, sempre acompanhado por sua mulher, V. *Allorge, estes cientistas já tinham efectuado mais de vinte explorações na Península Ibérica, assim como algumas à Córsega, às Antilhas, ao Norte de África e à Escandinávia. Em todas estas explorações colheram um número incalculável de espécimes que se encontram arquivados no herbário do Museu de História Natural de Paris. Em 1937 e 1939 publicaram os primeiros trabalhos sobre a briologia açoriana, que foram continuados e finalizados em 1948, 1950 e 1952 por V. Allorge. É difícil avaliar o número de exemplares de herbário colhidos nos Açores por estes investigadores, no entanto, devem ascender a diversos milhares, tendo organizado uma colecção de exiccata com 133 espécimes (1942), que foi distribuída pelos melhores herbários mundiais. Como resultado mais importante da sua investigação há a salientar a referência, pela primeira vez, para a flora açoriana, de mais de 20 espécies. Foram ainda descritos por P. A. ou por outros briologistas cerca de 10 taxa (espécies ou variedades) novas para a ciência, como: Aphanolejeunea teotonii, Bazzania azorica, Lepidozia azorica, Calypogeia azorica, Plagiochilla allorgei, Tylimanthus azoricus, Fissidens azoricus e Trematodon perssonorum.
Dedicado a Pierre Allorge há a referir algumas espécies de briófitos açorianos ou endémicos da Macaronésia como: Allorgea bertholotiana (=Andoa bertholotiana), Plagiochila allorgei, entre outras. Cecília Sérgio (Jul.1996)
Artigos publicados: (1937a), Analyse bryologique de matelas. Revue Bryologique et Lichénologique, 10: 93. (1937b), Quelques nouveautés pour la flore des Açores. Monde Plantes, 38, 228: 43. Allorge, P. e Persson, H. (1938), Contribution a la flore hepaticologique des îles Açores. Annales Bryologiques, 11: 6-14. Allorge, P. e Allorge, V. (1938), Mousses nouvelles pour les Açores. Monde Plantes, 39, 232: 25-26. (1938), Sur la présence d?hépatiques epiphylles aux îles Açores. Comptes Rendues Hebdomadaires des Séances de l?Académie des Sciences, 206: 1323-1325. (1938-39), Sur la répartition et l?écologie des hépatiques epiphylles aux Açores. Boletim Sociedade Broteriana (2), 13: 211-231. (1939), Un voyage aux Açores. Annales Bryologiques, 12: 153. (1950), Hépatiques racoltées par P. et V. Allorge aux îles Açores en 1937. Revue Bryologique et Lichénologique, 19: 90-118. (1952), Mousses recoltées par P. et V. Allorge aux îles Açores en 1937. Ibid., 21: 50-95. Allorge, V. e Allorge, P. (1942), Bryophyta Azorica, 1-133. Paris (Exiccata). (1944), Le Telaranea nematodes (Gottsche) Howe dans le domaine ibero-atlantique. Compte Rendu Sommaire Sceances Société de Biogéographie, 182-184: 58-60. (1946), Les étages de la végétation muscinale aux îles Açores et leurs éléments. Mémoires de la Société de Biogéographie, 8: 369-386. (1948), Végétation bryologique de l?île de Flores (Açores). Revue Bryologique et Lichénologique, 17: 126-164.
Bibl. Gaume, R. (1945), Pierre Allorge (1891-1944). Revue Bryologique et Lichénologique, 15, 1-2: 5-15. Jovet, P. (1944), L?oeuvre phytogéographique de Pierre Allorge. Compte Rendu Sommaire Sceances de la Société de Biogéographie, 178-181: 25-31.