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Alexandrino, Pedro

(P. A. de Carvalho) [N. Lisboa, 1730 - m. ibid. 1810] Um dos maiores pintores portugueses da segunda metade do século xviii. Frequentou a roda de André Gonçalves, de quem talvez tenha sido discípulo. Ao certo, sabe-se apenas que estudou com Berardo Pereira. Não teve oportunidade de completar a sua formação em Itália, como era aspiração de qualquer artista daquele tempo, mas aproximou-se do barroco romano tardio no convívio com André Gonçalves e a sua escola. Depois da morte deste pintor (1762), ocupou o seu lugar como principal decorador das igrejas de Lisboa, onde ainda hoje se podem ver algumas das suas obras mais representativas. Artista versátil e de execução fácil, cultivou com igual mestria quase todos os géneros de pintura, desde retábulos de altar e tectos de igrejas a retratos e pequenas composições para ornamento de liteiras e coches. A crítica em geral destaca a tela O Salvador do Mundo, executada para a Sé de Lisboa e actualmente no Museu Nacional de Arte Antiga, como a sua obra-prima. Deste notável pintor há um quadro do Pentecostes com 2,5 x 1,8 m, em tela, na igreja de S. Pedro, de Ponta Delgada, o qual só em pormenor difere de outro sobre o mesmo tema que Pedro Alexandrino já havia executado para o altar de Santo António da Sé de Lisboa. O da igreja de S. Pedro de Ponta Delgada foi encomendado nos finais do ano de 1800 pela Confraria do Divino Espírito Santo daquela igreja e pintado em data que não se pode precisar com rigor, mas certamente entre 1801 e 1804, sendo o pintor já então octogenário. Está assinado P Alex. Luís Bernardo Leite de Ataíde (1974: 205) reconhece nele «trechos apreciáveis com todas as características do pincel de Alexandrino».

São ainda atribuídos a este pintor mais dois quadros existentes em S. Miguel: um, na igreja da Conceição, também em Ponta Delgada, representando S. Joaquim, e outro numa igreja da Relva, arredores da mesma cidade, representando S. Miguel. Segundo o mesmo Leite de Ataíde (ibid.: 208), a atribuição a Pedro Alexandrino do quadro representando S. Miguel não é «destituída de fundamento», embora em sua opinião pareça «estar mais em evidência o feitio do artista» no que representa S. Joaquim. Eduíno de Jesus (Out.1997)

Bibl. Ataíde, L. B. L. (1974), Etnografia, Arte e Vida Antiga nos Açores. Coimbra, Biblioteca Geral da Universidade, II.