Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Albuquerque, Luís da Silva Mouzinho de

[N. Lisboa, 16.6.1792 - m. Torres Vedras, 1846] Homem político, químico e poeta. Apesar de na infância ter sido destinado à Ordem de Malta, ingressa na Real Academia de Marinha e, no fim dos estudos, no Real Observatório. Em 1816, instala-se como agricultor na Beira Baixa, onde escreve o poema bucólico intitulado «Geórgicas portuguesas». Em 1820 torna-se colaborador dos Anais das Ciências, das Letras e das Artes, em Paris. É dessa cidade que envia ao Parlamento as Ideias sobre o Estabelecimento da Instrução Pública, memória influenciada pelos projectos franceses do tempo da Revolução. Nomeado, em 1823, provedor da Casa da Moeda, publica um compêndio de Química para os alunos da aula que aí lecciona. É como químico que se desloca aos Açores com o objectivo de analisar a água das Furnas. Escreve as suas Observações sobre a ilha de São Miguel, em que descreve a constituição geológica da ilha e a sua flora. Nelas atribui o atraso da agricultura à defeituosa distribuição da propriedade.

Face à ascensão de D. Miguel, procura o exílio. Integra o grupo de oficiais que desembarca na Terceira com o conde de Vila Flor, a 22.6.1829, participando na batalha de Vila da Praia. A 15.3.1830 é nomeado secretário de Estado da Regência, cargo que exerce até 1831. Faz então os reconhecimentos que levam à escolha do local de desembarque dos liberais em S. Miguel. Integra a esquadra liberal e participa no cerco do Porto durante o qual é também ministro da Marinha e do Reino, em substituição de Palmela. Participa na expedição ao Algarve que termina com a entrada triunfal em Lisboa a 24 de Julho de 1833. Continua a combater até à Convenção de Évora-Monte. Toma então posse do cargo de governador da Madeira que exerce pouco mais de um ano. Ao regressar encontra-se nomeado ministro do Reino no governo Loulé, José Jorge Loureiro, Sá da Bandeira de Novembro de 1835. Nessa qualidade revoga a reforma do ensino de Rodrigo da Fonseca Magalhães, mas apresenta um novo projecto que o Parlamento não chega a discutir.

Não aceita a revogação da Carta Constitucional e junta-se à Revolta dos Marechais, no Verão de 1837, pelo que se exila de novo em Paris, de onde só regressa após o juramento da Constituição de 1838, dedicando-se às Obras Públicas do Reino.

É novamente chamado ao ministério para fazer face ao golpe de estado de Costa Cabral. Restabelece então a Carta, mas, a 10.2.1842, decreta que as Cortes procedam à sua revisão. Face aos cabralistas tem de demitir-se integrando a oposição no Parlamento e sendo um dos seus melhores oradores. Nomeado intendente das Obras Públicas do Reino, dedica-se ao problema das comunicações, produzindo relatórios, formando uma equipa, mobilizando a opinião pública e apresentando ao parlamento um projecto para a construção das estradas do Reino. Palmela chama-o ao Ministério, a 23.5.1846, durante a Maria da Fonte. No desempenho do cargo de ministro do Reino negoceia a dissolução das juntas populares, sendo depois nomeado para a pasta da Marinha. Demitido pelo golpe palaciano de 6 de Outubro, decide cumprir as promessas feitas a 23 de Maio e junta-se ao conde das Antas integrando os exércitos da Patuleia. No dia 22 de Outubro é atingido na batalha de Torres Vedras, vindo a falecer nesta vila, em cuja igreja está enterrado. Magda Pinheiro (Mai.1996)

Bibl. Albuquerque, L. S. M. (1826), Observações sobre a ilha de São Miguel recolhidas pela comissão enviada à mesma ilha em Agosto de 1825 e regressada em Outubro do mesmo ano. Lisboa, Imp. Régia. Pinheiro, M. (1992), Luís Mouzinho de Albuquerque, um Intelectual na Revolução. Lisboa, Quetzal. Pimentel, J. M. O. (1856), Elogio Histórico do Sócio Efectivo da Academia Luís da Silva Mouzinho de Albuquerque. Lisboa, Academia das Ciências.