Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Albuquerque, Duarte de Andrade

(D. de A. A. Bettencourt) [N. Ponta Delgada, 2.10.1856 - m. ibid., 12.4.1932] Filho de João de Bettencourt de Andrade Albuquerque e de D. Carolina Borges da Câmara de Medeiros. Terminando os estudos liceais em 1877, Duarte de Andrade Bettencourt matriculou-se em Direito na Universidade de Coimbra, curso tradicional na sua família, pois desde o seu trisavô todos se formaram em Direito. Regressou à terra natal e aí casou em 2.10.1880 com a sua prima direita, Maria Ana de Andrade Albuquerque Bettencourt, de quem teve dois filhos.

Foi individualidade de destaque na ilha de S. Miguel. Desempenhou vários cargos, como guarda-mor da Relação dos Açores, até à sua extinção. Foi presidente da Sociedade de Agricultura Micaelense, que no seu âmbito de actividade era a mais antiga do país. Foi um dos entusiastas da fundação da Companhia de Seguros Açoreana, membro do seu conselho de administração e presidente até à sua morte. Foi igualmente patrocinador da constituição de uma Assembleia no Vale das Furnas, precursora do actual Casino e de um Banco Hipotecário nos Açores, para que já tinham a escrita montada e o depósito legal constituído, mas cuja fundação nunca foi aprovada. Fez parte da Junta Administrativa da construção do porto artificial de Ponta Delgada.

Desempenhou o cargo de director do Asilo de Mendicidade de Ponta Delgada. Foi provedor da Santa Casa da Misericórdia de Ponta Delgada e da Irmandade do Senhor Santo Cristo dos Milagres durante muitos anos, até à data de sua morte.

Entusiasta, desde a primeira hora, da «livre administração dos Açores pelos açoreanos», quando se reuniu o comício de 19.2.1893 para se organizar o movimento autonomista, foi eleito vogal da Comissão, tendo em 1894 sido um dos três deputados ?autonomistas? que tiveram importante acção em Lisboa na promoção da causa autonómica, ao serviço da qual terá posto, segundo ficou a constar, o excelente relacionamento que tinha com o então ministro João Franco, seu amigo dos tempos em que tinham partilhado a mesma ?república? em Coimbra. Depois da implantação da República continuou a militar no movimento monárquico tendo, nomeadamente, sido eleito vice-presidente do Centro Monárquico do Distrito de Ponta Delgada na respectiva Assembleia de fundação em 2.5.1915.

Foi um grande coleccionador de antiguidades, principalmente de mobiliário. Como numismata reuniu uma preciosa colecção de moedas portuguesas, especialmente de ouro, que foi considerada a mais completa dos Açores, hoje no Museu Numismático Nacional. Foi também fotógrafo amador de muito entusiasmo.

Fidalgo cavaleiro da Casa Real por sucessão, por alvará de 23.4.1902, Comendador da Ordem de N. Sr.ª da Conceição de Vila Viçosa, por decreto de 1.8.1901, Comendador da Ordem de Cristo, por decreto de 7.5.1908, conde de *Albuquerque por decreto de 19.3.1909. Teve brasão de armas (6.5.1910), na qual descreve a sua ligação, por várias linhas, ao tronco dos Albuquerques. Hugo Moreira (1998)