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Drake, Francis (Sir)

 [N. Devonshire, Inglaterra, c. 1540 ? m. Panamá, 1596] Considerado como o mais famoso corsário da época isabelina, realizou, em 1577, uma viagem de circum-navegação ao globo, feito que lhe valeu a presença da própria rainha a bordo do seu navio à chegada a Plymouth, em 1580, armando-o cavaleiro. É depois deste acontecimento, por meados de 1581, que Drake chega a organizar uma frota conjuntamente com John Hawkins para apoio da causa de D. António com vista à tomada da Terceira. O desinteresse da rainha, possivelmente devido aos crescentes encargos que a causa do pretendente à coroa de Portugal envolviam, acabaria por levar ao cancelamento da expedição.

A acção de Drake, como a dos mais notáveis corsários da época, os condes de *Cumberland e *Essex, insere-se na estratégia da Inglaterra isabelina destinada a arruinar os interesses do império dos Habsburgos e o seu nome está associado também à derrota da ?armada invencível? em 1588. No quadro da estratégia inglesa, as rotas de retorno da América espanhola concitam a atenção das suas esquadras e, por esse motivo, os Açores e os seus mares assumem relevância especial. Em consequência da União Ibérica realizada em 1580, resultante da crise dinástica surgida em Portugal por morte de D. Sebastião, as ilhas açorianas tornam-se vulneráveis aos ataques britânicos.

Sem a importância das incursões de Cumberland ou de Essex, Francis Drake ficará ligado à história da ilhas apenas por um episódio sem consequências. Possivelmente apostado numa estratégia que visava estabelecer uma base nos Açores para desalojar os espanhóis e atingir as suas frotas, Drake tenta, em 1587, o desembarque na ilha Terceira onde se encontravam fundeados alguns navios cuja carga não deixaria também de lhe despertar o interesse. Todavia, à vista dos preparativos das tropas instaladas na Terceira para repelir o inimigo e da presumível capacidade de defesa que terá apercebido, Drake retirou-se após breve troca de fogo de artilharia.

Porém, a incursão de Drake, de facto, visaria apresar o navio da carreira da Índia, S. Filipe, e dá-se no seguimento das operações, aliás mal sucedidas, que a Inglaterra desencadeara nas costas portuguesas com vista à neutralização da frota de D. Álvaro de Bazán. O S. Filipe será de facto apresado ao largo de S. Miguel e levado para Portsmouth. Apesar do insucesso militar nas costas portuguesas, o apresamento do S. Filipe revelar-se-ia muito compensador. Ricardo Madruga da Costa (Jan.2003)

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