Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Dores, Victor Rui Ramalho Bettencourt

[N. Santa Cruz, ilha Graciosa, 1958] Tendo-se fixado na Terceira em 1968, aí concluiu os estudos liceais, frequentando posteriormente a Faculdade de Letras de Lisboa onde se licenciou em Germânicas em 1982. Actualmente é professor do quadro de nomeação definitiva da Escola Secundária Dr. Manuel de Arriaga, exercendo desde 1997 o cargo de Presidente do Conselho Executivo do Conservatório Regional da Horta. A partir de 1998 passou a representar a Região Autónoma dos Açores no Conselho Nacional de Educação.

Com uma intervenção frequente na imprensa, na rádio e na televisão, Victor Rui Dores tem o seu nome ligado também à actividade teatral, quer como actor, quer como encenador do grupo ?Sortes à Ventura?, da Escola Secundária Dr. Manuel de Arriaga.

Estreado literariamente com um livro de poesia, a ela voltaria com Entre o Cais e a Lancha e À Flor da Pele, diferentes momentos de um lirismo que ora se constrói sobre uma rede de signos de referencialidade insular, no primeiro caso, ora se abre à expressão de uma vertente erótica, no segundo. Em termos de narrativa, Grimaneza constitui uma incursão no domínio da ?short story?, com um balanceamento entre o registo cronístico e o ficcional e a configurar um universo de pequenos acontecimentos de uma regularidade quotidiana quebrada, às vezes, por inesperadas manifestações de violência. Esses dois registos servem igualmente para identificar Bons Tempos e Histórias com Peripécias, em que a rememoração e a evocação patentes no primeiro dão lugar, no segundo, ao reconto de episódios anedóticos, alguns deles do domínio comum oral ou escrito, marcados sobretudo pelo seu sentido humorístico; mesmo levando em conta a filtragem a que o tempo e distância procedem sempre, Bons Tempos constitui o registo de memórias da infância e da adolescência, mas onde é possível detectar, ao lado do processo individual de aprendizagem e descoberta do mundo, alguns sinais de um tempo colectivo mais vasto, o da Graciosa e de Angra nos anos sessenta, princípios de setenta.

Em diferente campo se situa Sobre Alguns Nomes Próprios..., cujo núcleo é constituído pelo inventário resultante de uma pesquisa que tem como ponto de partida o carácter estranho, ou pelo menos diferenciado, de uma parte da onomástica graciosense, que articula um pendor arcaizante com uma provável influência brasileira (por via da emigração açoriana dos séculos XVIII e XIX), cujo declínio começa, todavia, a manifestar-se a partir de meados do século XX. Urbano Bettencourt (2003)

Obras Principais. (1978), Poemas de Fogo e Mar. Angra do Heroísmo, ed. do autor. (1987), Grimaneza ou um Barco Chamado Desejo. Ponta Delgada, Signo. (1990), Entre o Cais e a Lancha. Horta, ed. do autor. (1990), De Algumas Breves Impressões sobre Alguns Escritores Açorianos. Sep. de Quarto Crescente, 23, Angra do Heroísmo. (1991), À Flor da Pele. Horta, ed. do autor. (1991), Sobre Alguns Nomes Próprios Recolhidos na Ilha Graciosa. Sep. do Boletim do Museu de Etnografia, Graciosa. (1999), Histórias com Peripécias. Horta, Correio da Horta. (2000), Bons tempos. Horta, Correio da Horta. (2000), Açores, as Ilhas Ocidentais. Angra do Heroísmo, BLU Ed. [em parceria com o fotógrafo Karl Heinz Raach].

 

 

 

Adenda
É professor, escritor, ator, encenador, poeta, ensaísta e crítico literário Açoriano, que também se dedica à etnomusicologia e aos estudos etnográficos e linguísticos.
No campo da linguística, pesquisa, há mais de 20 anos, os sotaques, as pronúncias e as variantes dialetais das nove ilhas açorianas. Colabora frequentemente com crónicas publicadas em jornais e revistas regionais, nacionais e da diáspora. É autor e colaborador de vários programas de índole cultural no centro regional da Rádio e Televisão de Portugal nos Açores (RTP Açores), como "Cultura Popular Açoriana", "Cantigas Açorianas", "Conversas do Triângulo" e "Conversas Açorianas".
Está ligado à arte teatral como ator, estando integrado no grupo de teatro "Carrocel", ocupando igualmente o cargo de Presidente da Direção.
Entre 2004 e 2007 foi membro da comissão editorial do Boletim do Núcleo Cultural da Horta. É, desde Agosto de 2004, Cidadão Honorário da Ilha Graciosa.
Em 2010, escreveu o documentário "Um Idealista Chamado Manuel de Arriaga", produzido pela delegação do Faial da RTP Açores. No documentário que assinalou o centenário da República Portuguesa, Victor Rui Dores interpretou a figura do primeiro Presidente da República Portuguesa.
No dia 21 de maio de 2018 foi-lhe atribuída a Insígnia Autonómica de Reconhecimento.
As últimas obras publicadas incluem A Valsa do Silêncio (romance), 2005, A Graciosa Ilha (álbum fotográfico), 2009 e O Ouvido que Escreve (poesia), 2017. Ranu Costa (2022)