Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Dias, José Quintino

 (barão do Monte Brasil) [N. Tavira, 26.8.1792 ? m. ?, 13.11.1881] Foi alferes do Regimento de Milícias de Tavira, em 1808, passando às tropas regulares em 1810; foi tenente em 1817; capitão, em exercício, em 1827 e efectivo em 1828; major ainda nesse ano; tenente-coronel em 1834; coronel em 1840; brigadeiro em 1851; marechal-de-campo em 1859; general-de-brigada em 1864 e de divisão em 1865. Passou à reforma em 1870.

É uma das figuras emblemáticas do movimento liberal nos Açores, por ter chefiado a revolta militar em Angra, em 27.6.1828, que restabeleceu a Carta e aclamou D. Maria II. Era defensor da solução liberal desde muito novo, participou na Guerra Peninsular e, quando em 1828 foi nomeado capitão para o Batalhão de Caçadores 5, sediado no Castelo de S. João Baptista, na cidade de Angra, e aí chegou em Abril desse ano, de imediato entrou no círculo maçónico que vivia naquela cidade e preparou a revolta.

Depois de restabelecida a Carta, assumiu o comando do Batalhão de Caçadores 5 e tomou medidas para expulsar os oficiais adversos à ideologia liberal. Em Agosto seguinte, perante as notícias dos desaires do liberais no continente, decidiu abandonar a Terceira com a sua tropa, rumo a Inglaterra, para se juntar aos exilados.

Esta decisão levantou uma séria suspeita sobre ele e sobre a sua conduta, entre os membros do governo provisório instalado na sequência da revolta em Angra e ainda que tivesse sido dissuadido de levar avante a sua intenção, principalmente por Teotónio Ornelas *Bruges, nunca mais voltou a ser um homem de confiança. Drummond chama-lhe mesmo covarde. Ainda foi, contudo, governador do Castelo de S. João Baptista e nomeado governador do Castelo de S. Sebastião, em Angra, pela Regência, em 1830. Porém, envolveu-se em pública discordância com a própria Regência estabelecida em Angra e acabou, sob o pretexto de uma reunião em Londres, junto do ministro Luís António de Abreu e Lima, por ser expulso com a família da ilha em condições pouco dignas e sem apoio monetário. Publicou, então, com notas cáusticas, documentos justificativos da sua acção. De Londres passou a Paris, onde se juntou aos emigrados saldanhistas, só regressando a Portugal em Novembro de 1833, quando a guerra civil estava a chegar ao fim.

Fez uma carreira militar distinta, comandou vários batalhões, foi chefe do Estado-Maior da 8.ª Divisão e governador das praças de Abrantes (1851) e Peniche (1857) e, ainda, da 7.ª Divisão Militar (1865).

Em 1845, foi eleito deputado às Cortes e, por decreto de 4.8.1862, foi agraciado com o título de barão do Monte Brasil, invocando a sua acção na Terceira em prol do liberalismo, em 1828. Foi condecorado com a Cruz de Ouro N.º 1 da Guerra Peninsular (1820), Medalha da Vitória (1824), Cavaleiro de S. Bento de Avis (1830) e Comendador, em 1843, e Medalha de D. Pedro e D. Maria II, N.º 9, em 1868. J. G. Reis Leite (Dez.2003)

Obra. (1832), Documentos para a história da restauração do governo legítimo e constitucional da Ilha Terceira em 22 de Junho de 1828; publicadas pelo major José Quintino Dias. Paris, Typ. H. Dupuy.

 

Bibl. Arquivo Histórico Militar (Lisboa), Processo Individual, cx. 889. Arquivo dos Açores (1981), 2.ª ed., Ponta Delgada, Universidade dos Açores, VI: 210-296, X: 154, 251, 258, 259, 264. Drummond, F. F. (1981), Anais da Ilha Terceira. Angra do Heroísmo, Secretaria Regional de Educação e Cultura, IV: 125, 131, 138, 241, 243, 258, 276.