[N. Boquilobo, Torres Novas, 1906 ? m. Badajoz, 13.2.1965] Formou-se na Escola do Exército, em Artilharia, em 1925, mas optou pela aeronáutica, tendo obtido o curso de oficial piloto, em 1928. A sua relação com os Açores operou-se na altura da II Guerra Mundial. Nos finais de 1941, a Inglaterra pressionou o governo português para que fosse ampliada a pista da Base das Lajes e outras infra-estruturas portuárias. Essa missão coube a Humberto Delgado, por delegação de Santos Costa. No ano seguinte, foi nomeado representante do Ar nas negociações para a cedência de bases nos Açores aos ingleses. O seu empenhamento, como defensor do aeroporto da Lajes e de Santa Maria e do desenvolvimento do turismo, mereceu rasgados elogios na imprensa local. O Diário Insular (13.10.1950) apresenta-o como «uma figura de marcado recorte profissional e intelectual, não só nos meios portugueses, como na aeronáutica mundial». Foi dado o seu nome a um miradouro em Santa Luzia, na Praia da Vitória, na mesma altura. A sua carreira politico-militar continuou com a nomeação para o cargo de director-geral do Secretariado da Aviação Civil (1944), adido militar na embaixada de Portugal em Washington (1952) e membro do comité dos representantes militares da NATO. Atingiu o posto de general aos 47 anos de idade. Pelos seus serviços e pela sua simpatia para com os Aliados, o governo inglês concedeu-lhe a Ordem do Império Britânico e o americano o grau de Oficial da Legião de Mérito. Em 1958, candidatou-se pela oposição democrática, como independente às eleições presidenciais. A fraude eleitoral não permitiu que o ?General sem medo? vencesse as eleições, tendo obtido oficialmente 25% dos votos. Nos Açores, o apoio à candidatura do general só teve alguma expressão em S. Miguel, tendo-se destacado pelo seu empenhamento António Eduardo Borges *Coutinho. Sujeito a perseguições, Humberto Delgado exilou-se em 1959. Fundou o Movimento Nacional Independente e chefiou a Junta Revolucionária Portuguesa. Numa cilada montada pela PIDE, acabou por ser assassinado em Badajoz. O terramoto político desencadeado por Humberto Delgado abalou fortemente o regime e foi o ponto de partida para a oposição também se manifestar nos Açores, nomeadamente em S. Miguel, nas eleições de 1969 e 1973. Ver Comissão Democrática Eleitoral. Carlos Enes (Jan.2003)
Bibl. Rosas, F. e Brito, J. M. B. (1996), Dicionário do Estado Novo. Venda Nova, Bertrand Ed., I: 252-54. Telo, A. J. (1993), Os Açores e o controlo do Atlântico (1898-1948). Lisboa, Ed. Asa: 375.