Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Dacosta, António

 [N. Angra do Heroísmo, 3.11.1914 - m. Paris, 2.12.1990] Pintor surrealista e colaborador em jornais e revistas, escrevendo artigos de crítica artística. Em 1935, deixou os Açores para estudar em Lisboa, matriculando-se no curso de Pintura na Escola Superior de Belas-Artes. Apesar de nunca ter acabado o curso por incompreensões várias, foi um dos primeiros mentores do surrealismo em Portugal, expondo pela primeira vez os seus quadros em Lisboa no ano de 1940. Dois anos depois, ganhou o Prémio Amadeo de Souza-Cardoso com o quadro A Festa, de forte influência açoriana e do culto do Espírito Santo. O escritor Vitorino Nemésio, igualmente terceirense e seu contemporâneo, caracterizou António Dacosta como um «Pintor Europeu das Ilhas» e, de facto, rompendo com o provinciano e subserviente meio intelectual lisboeta da altura, partiu para Paris, em 1947, com uma bolsa de estudo do governo francês e nunca mais voltou a viver em Portugal. Pela mesma altura, interrompeu a sua actividade como pintor, vivendo sobretudo da crítica da actividade artística de Paris com artigos que enviava regularmente para o jornal brasileiro O Estado de S. Paulo. Só duas décadas passadas, por volta de 1978, recomeçou a pintar com assiduidade, expondo regularmente, a partir de 1983, em Portugal e no estrangeiro. Foi a partir da década de 80 que a sua profícua actividade pictórica apresentou novamente o constante fascínio pelas ilhas, patente, por exemplo, nos quadros Memória (1983) e Açoreana (1986), e, numa alusão directa ao culto do Espírito Santo, A Mulher e o Folião (1983) e A Menina da Bandeira III (1984). É de referir, ainda, a série de quatro pinturas Em Louvor de?(1986), cuja representação de cabeças de touros alude também às touradas à corda, típicas da ilha Terceira. Em 1989, num dos seus últimos trabalhos, realizou e instalou 88 painéis em madeira, dos quais 36 são cabeças humanas em relevo de gesso pintado, no novo edifício da Assembleia Regional dos Açores na cidade da Horta. Em 1990, ano da sua morte, concebeu ainda o projecto de um monumento para a baía de Angra do Heroísmo, que designou de Altar Nave ? Em Louvor de?, retomando novamente o culto do Espírito Santo, desta vez relacionado com o mar, as viagens e as descobertas/encontro de povos. Esta escultura, executada sob as directivas do escultor José Aurélio, foi inaugurada a 5 de Junho de 1995 ? Dia do Espírito Santo. Mário J. Rodrigues (Set.2002)