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Côrtes-Rodrigues, Luís Filipe

 (N. Carnaxide, 16.8.1914? m. Gueifães, Maia, 28.7.1991] Filho do poeta açoriano Armando Côrtes-Rodrigues, assinou a sua obra com o pseudónimo de Luís Ribeira Sêca.

A sua estreia literária, com A Sombra de Afrodite (1950), revelava uma poesia marcada por um vago romantismo que ora se orienta no sentido de um idealismo amoroso, ora questiona um Absoluto cuja inacessibilidade suscita no sujeito lírico uma perturbação que, a nível discursivo, se concretiza numa evidente retórica da interrogação; as alusões literárias, greco-latinas e bíblicas propiciam, por outro lado, o pendor cultural e metafórico de uma poesia que nem sempre consegue evitar o tom declamatório e a teatralização do eu poético.

Mas outros procedimentos se registam na sua obra, a partir da inflexão registada em Recanto Tranquilo (1952), onde com frequência o poema se constrói a partir de um dado mais concreto, de um elemento ou facto próximos do quotidiano ?observado?: desse registo, o discurso poético parte para uma ?reflexão? emotiva e evocativa em que sobressai o tom nostálgico e melancólico, ante a evidência da passagem do tempo e dos seus efeitos corrosivos. Toda essa envolvência de ?tranquilidade? se situa na linha daquilo que o autor defendia como o papel social da poesia: «proporcionar momentos de serenidade, de repousante calma e de espiritualização, por muito que esta teoria pese aos partidários do ódio, do desespero e da destruição» (jornal A Ilha, 19.7.1952). Urbano Bettencourt (Set.2001)

Obras (1950), A Sombra de Afrodite. Porto, Germinal. (1952), Recanto Tranquilo. Porto, Tip. Progrédior. (1952), Um amor... e o outro. Coimbra, Arquipélago. (1953), Ruth, Coimbra, [s.n.].