[N. ?- m. Angra do Heroísmo, 2.7.1496] Filho ilegítimo de Vasco Anes Corte-Real, cavaleiro da Casa Real e armador-mor de D. Afonso V, e de mãe desconhecida. O pai recebera, por serviços ao rei, diversos bens em Tavira. Era, portanto, filho de um nobre abastado, mas, sendo bastardo e secundogénito, as hipóteses de suceder na casa do pai eram remotas. A aventura ultramarina surgiu como uma oportunidade para conseguir obter o património de que carecia e para afirmar a respectiva linhagem. Casou com Maria Abarca, filha de Pedro Abarca, fidalgo galego. Morador em Tavira e porteiro-mor do Infante D. Fernando, recebeu a capitania de Angra por carta de 2 de Abril de 1474 e a de S. Jorge por carta de 4 de Maio de 1483. A primeira doação, na sequência da morte do primeiro capitão da ilha Terceira, Jácome de *Bruges, foi feita por serviços prestados e as fontes mais antigas consideram que os mesmos foram realizados em viagens de exploração no Atlântico. O certo é que João Vaz se tornou capitão-do-donatário da parte de Angra em 1474 e que, nesse ano, teve lugar o início da segunda fase do povoamento da ilha Terceira. Ao instalar-se em Angra, em local que Maldonado (1997, 3: 15) considerou ser «a melhor morada d?Angra», João Vaz fez-se acompanhar por sua mulher e outros parentes. Embora a sua acção seja pouco conhecida, por falta de documentação, sabemos que distribuiu terras em regime de sesmaria, uma das suas atribuições, enquanto capitão-do-donatário; mandou edificar, à sua custa, a capela-mor do convento de S. Francisco, em Angra; e, juntamente com outros povoadores, instituiu o Hospital de Angra, por compromisso de 15 de Março (ou Maio) de 1492. João Vaz Corte-Real esteve algumas vezes ausente da ilha Terceira, sendo substituído nessas ocasiões pelos filhos Gaspar e Miguel que se destacariam anos depois como navegadores. João Vaz fez seu testamento em Angra, a 3 de Fevereiro de 1496. Na capitania de Angra, sucedeu-lhe o filho primogénito, Vasco Anes Corte-Real, vedor da Fazenda Real e cavaleiro do Conselho do Rei. Ver Corte-Real. José Damião Rodrigues (Fev.2001)
Bibl. Canto, E. (1981), Os Corte Reaes. Memoria Historica Arquivo dos Açores, ed. fac-similada da ed. original, Ponta Delgada, Universidade dos Açores, IV: 385-590. Maldonado, M. L. (1989, 1997), Fenix Angrence. Angra do Heroísmo, Instituto Histórico da Ilha Terceira, I, III.