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Cinco Ribeiras

Freguesia do concelho de Angra do Heroísmo, situada no sudoeste da ilha Terceira, entre as freguesias de S. Bartolomeu e Santa Bárbara.

GEOGRAFIA Estende-se pela encosta sul da serra de Santa Bárbara, entre o mar e a cumeada da Caldeira, pelos 1021 m de altitude, sem importantes acidentes de relevo, embora alguns pequenos picos se elevem da topografia regular da encosta (pico da Praia, 323 m; pico das Seis, 276 m), apenas entalhada pela abundante rede hidrográfica das ribeiras da Canada da Praia, das Cinco e do Mouro. A costa é formada por uma arriba de 20 a 30 m de altura, sem sinuosidades, a não ser a ponta das Cinco. Exposta aos ventos tempestuosos de sudoeste, tem um clima temperado húmido. Em 1991 contava 650 habitantes, dos quais 138 homens e 114 mulheres, repartida pelos lugares de Ribeira das Cinco (51 habitantes), Ribeira do Mouro (84 habitantes), Cinco Ribeiras [418 habitantes repartidos pelos lugares de Dr. Marcelino (166), Monsenhor José (138) e Padre João (114)], Canada do Porto (38 habitantes) e Canadinhas (19 habitantes) (INE, 1991). M. Eugénia S. de Albergaria Moreira (2002)

HISTÓRIA, ACTIVIDADES ECONÓMICAS E CULTURAIS Ocupa uma área de 11,38 km2 e a sua população residente tem sofrido um decréscimo significativo no século XX: em 1900, tinha 1.180 habitantes e, em 1991, 650. Até 1878, esteve integrada na freguesia de Santa Bárbara, embora tenha constituído um curato sufragâneo da mesma, em 1861. Naquela data, alcançou o estatuto de paróquia e freguesia independente, com a designação por que era conhecida ? Nossa Senhora do Pilar. Só em 1939 (decreto 30.214, de 22 de Dezembro) passou a ser designada por Cinco Ribeiras, embora já apareça nos censos da população com esta designação, a partir de 1911. O nome está relacionado com o facto de ser atravessada por cinco ribeiras: da Ponte, do Salto, do Mouro, das Cinco e da Praia. Tem como orago Nossa Senhora do Pilar, cujas festas se realizam a 15 de Agosto. Outras festividades caíram em desuso: a de Santo António, a de Santa Filomena e a do Senhor Santo Cristo. Na ermida de Nossa Senhora de Lourdes, construída em 1903/4, realizou-se até há bem pouco tempo uma festa em sua homenagem, mas mantém, ainda, a festa de S. Pedro.

A igreja paroquial foi construída em 1872, para substituir a velha ermida de Nossa Senhora do Pilar, construída, provavelmente, no século XVII, numa propriedade dos jesuítas. Em 1832, a ermida foi doada ao povo da freguesia. A demolição desta ermida foi autorizada em 1867 e a cantaria foi utilizada na construção da nova igreja. É um templo de uma só nave, com várias capelas laterais. Nele funcionam algumas irmandades: a dos Irmãos Terceiros, do Rosário e das Almas. Possui um império do Espírito Santo, construído em alvenaria em 1886.

Os seus habitantes ocupam-se essencialmente da agro-pecuária. Até ao início do século XX, o milho era a principal produção, assistindo-se gradualmente ao aumento da produção de trigo. Por volta dos anos 70, do mesmo século, os terrenos foram transformados em pastagens, para a criação de gado. No início do século XX, foi criado um Sindicato Agrícola que fundou, em 1918, a Cooperativa de Lacticínios União Agrícola, para transformação do leite. Em 1927, funcionava em prédio próprio e, em 1940, aderiu à União das Cooperativas de Lacticínios da Ilha Terceira. Nas zonas da beira-mar produz-se algum vinho. Possui um porto de pesca, mas a actividade piscatória foi sempre muito reduzida. Nos finais do século XIX e princípios do século XX, operaram no porto algumas lanchas baleeiras. O porto, nos últimos anos, foi adaptado a zona de banhos. A escola primária, para o sexo masculino, foi introduzida na freguesia em 1879, e em 1883, para o sexo feminino. Em 1960, foram construídos edifícios integrados no Plano dos Centenários, com biblioteca e cantina. A Casa do Povo começou a funcionar em 1975, numa sala da escola. Tem sociedade recreativa, cultural e desportiva, filarmónica e cemitério. A luz eléctrica foi inaugurada em 1958. É conhecida por freguesia branca, derivado às casas não terem na sua maioria barras de cor. No século XVI, foi construído o Forte de S. Bartolomeu, que servia para avisar a cidade da aproximação das armadas das Índias. Sofreu obras de remodelação, recentemente. Carlos Enes (2002)

Bibl. Instituto Nacional de Estatística (1991), XIII Recenseamento Geral da População. III Recenseamento Geral da Habitação. Dados definitivos. Lisboa, INE. Lourenço, J. M. (1979), Cinco Ribeiras (a freguesia branca). Angra do Heroísmo, Tip. União Gráfica Angrense. Merelim, P. (1974), As 18 paróquias de Angra. Angra do Heroísmo, Tip. Minerva Comercial: 121-152. Ribeiro, J. (1998), Dicionário Toponímico, Ecológico, Religioso e Social da Ilha Terceira. Angra do Heroísmo, Direcção Regional dos Assuntos Culturais.