Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Castro, Lourenço de (D. Fr.)

 [N. Lisboa, ? ? m. Miranda do Douro, 13.8.1684] 14.º bispo de Angra (1671-1678). Filho de Pedro de Castro, desembargador e provedor da Alfândega de Lisboa, senhor de Parada e Sanguinhedo, e de D. Lourença de Castro, entrou na Ordem de S. Domingos, no convento de Benfica (Lisboa), aí tomando o hábito em 1637. Doutor em Teologia, lente jubilado e pregador da Capela Real de D. Pedro II, foi ainda prior dos conventos da Batalha e de Benfica. Gozou de renome no seu tempo, não só pelos dotes de saber e oratória, mas também por vida virtuosa e caridosa, tendo falecido com fama de santidade. Cingiu a mitra de Angra, para que foi nomeado e confirmado a 18.5.1671. Em Agosto deste ano, tomou posse na catedral de Angra pelo seu procurador arcediago Paio Velho de Araújo, vindo a entrar na diocese a 11.11.1671, com grande festa e regozijo dos açorianos, por ter sido Angra sede vacante por 34 anos e 7 meses (1637-1671). Por voto de pobreza, obteve um breve apostólico que o dispensava das insígnias episcopais, apenas trajando o hábito de monge e usando a cruz, o anel e o barrete. Em 1672, foi designado pelo Regente D. Pedro para confessor de D. Afonso VI, exilado em Angra, mas declinou o convite por muitos afazeres, sugerindo outros nomes. Na sua administração se concluíram, em 1672, as obras do convento de S. Francisco (Angra). Visitou os lugares da sua diocese entre 1673 e 1678, criando, em S. Miguel, o curato da Ribeirinha e provendo de estatutos as religiosas do convento de S. João de Ponta Delgada (1674). Fez neste ano favor ao convento das Capuchas em Angra, entretanto em construção, para ele transferindo um legado de bens e rendimentos (do pe. Gaspar de Brum da Silveira) com o objectivo de criar uma instituição hospitalar. Em 1675, esteve em S. Jorge, aí sagrando a primeira matriz da vila das Velas, sendo possivelmente do mesmo ano o requerimento ao governo para a criação da freguesia de Santo Amaro, da mesma ilha, que D. Pedro apenas deferiu em 1691. No Faial, no mesmo ano de 1675, proibiu, por questões morais, que as mulheres acompanhassem o Sagrado Viático, levado, pela noite, aos enfermos. Em 1678, a pedido do rei, regressou a Lisboa, permanecendo por três anos no Convento de Benfica como simples monge. Inocêncio XI, respondendo à súplica de D. Pedro, pela Bula Hodie Venerabilem fratrem, designou-o para a diocese de Miranda do Douro, que assumiu em 1682, sendo o seu 16º bispo. Cerca de dois anos depois, acometido por uma febre, sucumbiria ao fim de sete dias, sendo sepultado na Sé de Miranda. Manuel Cândido Pimentel (Fev.2002)

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