Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Castelo-Branco, António do Couto

[N. Lisboa, 8.10.1669 ? m. Elvas ou Estremoz, 30.4.1742] Escritor e militar, é uma interessante figura de história nacional. De uma família de longa data ao serviço da casa de Bragança, assentou praça no Terço da Armada em 1686 mas já em 1680 embarcara pela primeira vez, servindo na marinha até 1705. Em 1703 já atingira o posto de capitão-de-mar-e-guerra. Passou ao serviço em terra, sendo nomeado mestre-de-campo do Terço de Chaves, incorporado no exército do Alentejo. Distinguiu-se na participação portuguesa na Guerra de Sucessão de Espanha. Em 1708 foi dos primeiros brigadeiros criados em Portugal, comandando uma brigada de infantaria do exército do Alentejo.

Em 1709, por decreto do Conselho de Guerra, foi-lhe ordenado que fosse às ilhas dos Açores inspeccionar o «estado em que ali existem as coisas militares». Nesse decreto foi incumbido de reconhecer os pontos onde o inimigo pudesse fazer alguma invasão, de mandar proceder à construção de alguns fortins necessários à defesa e que visitasse o castelo de S. João Baptista. Contudo, foi-lhe ordenado que não passasse à ilha de S. Miguel, certamente porque a função de inspecção estava cometida ao conde de Vila Franca, como capitão. Também se lhe ordenou que tratasse das armas e artilharia e cuidasse da sua funcionalidade e, por último, que obrigasse os capitães-mores e sargentos-mores a exercitarem as ordenanças, dando informação dos incapazes, para que fossem substituídos. Como se pode ver, detinha vastos poderes e um largo programa militar. Da sua estada e como cumpriu a missão deu conta ao monarca numa carta que foi publicada no Arquivo dos Açores (1981a: 179). Alguns autores dão-no como tendo governado o castelo, mas as notícias são pouco exactas, pois ele próprio informou que o lugar de governador estava vago e a sua missão era efectivamente de inspecção.

Regressado ao continente, foi em 1736 nomeado governador da praça de Elvas e promovido a sargento-mor de batalha.

Como escritor, erudito e poliglota deixou-nos uma vasta obra impressa e inédita, de onde se destacam as Memórias Militares em três volumes, estando no primeiro uma lista de fortificações nos Açores existentes em 1710, que também foi reproduzida no Arquivo dos Açores (1981b: 469). Do Manuscrito das Memórias está na Biblioteca Pública de Évora, o volume V, onde existe a parte referente à sua viagem às ilhas dos Açores, que não está estudada.. J. G. Reis Leite (Fev.2001)

Obras Principais (1719), Memórias Militares. Amsterdão [I]. (1731), Suplemento às Memórias Militares. Lisboa [II]. (1740), Memórias e Observações Militares e Políticas. Lisboa [III]. (1931), Comentários Sobre as Campanhas de 1706 e 1707 em Espanha. Coimbra, Imprensa da Universidade.

 

Bibl. Instituto de Arquivos Nacionais/ Torre do Tombo (Lisboa), Conselho de Guerra, Decretos, maço 68 (1709), dec. nº 42 de 20 de Junho. Arquivo dos Açores (1981a), Fortificações nos Açores existentes em 1710. Ponta Delgada, Universidade dos Açores, IV: 179. Id. (1981b), Carta a El-Rei Nosso Senhor em que lhe fez Relação das Seis Ilhas Baixas e da Terceira, ano de 1709. Ibid., XII: 460. Machado, D. B. (1945), Biblioteca Lusitana. 2ª ed., Coimbra, Atlântida, I: 252. Matos, G. M. (1931), Prefácio e Notas In Comentários de António do Couto Castelo Branco sobre as Campanhas de 1706 e 1707 em Espanha. Coimbra, Imprensa da Universidade.