Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Cândido, Jacinto

 (J. C. da Silva) [N. Angra do Heroísmo, 30.11.1857 ? m. Lisboa, 26.2.1926] Pertencia a uma família da burguesia local e o seu pai destinava-o ao comércio, mas acabou por se formar em Direito na Universidade de Coimbra (1881). Foi convidado para seguir a carreira universitária, que não aceitou, regressando à sua cidade natal como professor do liceu e advogado. Em breve entrou na vida política e administrativa local, nomeado para o conselho de Direito, em 1882, militando no Partido Regenerador, no qual a família Silva já era muito influente. Desde logo nasceram as ambições de chefia partidária, que Jacinto Cândido disputava ao velho e prestigiado conde de Sieuve de Meneses. Ainda em vida deste tornou-se, na prática, o chefe dos regeneradores no distrito e organizou e disputou as eleições de 1887, com o seu partido na oposição e com problemas de cisão interna, sendo eleito. Em Lisboa, desde logo, sobressaiu nas reuniões políticas regeneradoras. Foi de novo eleito deputado para a legislatura de 1889 e sucessivamente em 1890, 1893, 1894 e 1896, subindo a sua influência partidária a nível nacional.

Foi jornalista político, que iniciara ainda na Terceira, no Popular, escrevendo na Gazeta de Portugal e no Reporter. Ingressou no funcionalismo, sendo nomeado chefe da 2ª Repartição da Direcção-Geral do Ultramar, mas não deixou de ser o chefe dos Partido regenerador do distrito de Angra do Heroísmo.

Em 1895, no governo de Hintze Ribeiro, foi nomeado ministro da Marinha e Ultramar, lugar que ocupou até 1897 e onde fez obra notável no ressurgimento da marinha de guerra, que o viria a homenagear dando o seu nome a um vaso de guerra, e que lhe valeu a nomeação, por carta de 29.12.1900, para Par do Reino. Com a morte de Hintze Ribeiro e com as dissidências que se seguiram, abandonou os regeneradores e fundou o Partido Nacionalista, em 1902, que ainda tentou lançar em Angra, mas sem êxito.

Deixou importantes memórias manuscritas, entretanto publicadas. J. G. Reis Leite (Jan.2001)

 

Bibl. Dias, J. L. (ed.) (1962), Autobiografia do conselheiro Jacinto Cândido. Estudos de Castelo. Revista de História e Cultura. 3, A-I. Id. (1963), Memórias Íntimas (1898-1925). Ibid., 4.