[N. Porto Judeu, ilha Terceira, 16.4.1896 ? m. São Paulo, Brasil, 19.8.1977] Emigrou com três meses de idade na companhia dos pais para o Rio de Janeiro e foi de novo registado nessa cidade, o que levou a haver por muito tempo confusão quanto ao lugar do nascimento. Estudou no Colégio Salesiano de Santa Rosa, em Niterói, e formou-se em Medicina na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, tendo os estudos sido financiados por seu tio, Manuel Correia Vieira Júnior. Os pais, gente de fracos recursos, morreram em 1908. Foi médico da «Beneficência Portuguesa» no Rio de Janeiro, mas manteve ligação profissional e científica com a França e a Alemanha onde se doutorou, tendo contudo abandonado a profissão nos anos 40 para se dedicar exclusivamente à literatura.
Tornou-se num dos maiores escritores brasileiros, primeiro, em 1919, com a sua tese de académica, O Instinto Sexual e depois com uma vasta obra de ficção, poesia e crítica de artes plásticas, em dezoito livros ao todo. O seu primeiro romance de êxito foi A Mulher que fugiu de Sodoma.
Assumiu culturalmente as suas origens e raízes açorianas, tendo visitado a ilha Terceira em1919, onde se demorou um mês em Angra do Heroísmo, reencontrando o avô e convivendo com a família em casa de quem se hospedou. Deixou memória desse convívio numa entrevira dada ao jornalista Alexandre Amaral no O Mundo Português, do Rio de Janeiro.
Dois dos romances de Geraldo Vieira estão mais ligados a Portugal, A Quadragésima Porta, cuja acção é centralizada em Portugal, e com personagens portuguesas e Território Humano, que é o mais autobiográfico, incluindo até, tal como o autor fez, uma viagem aos Açores. J. G. Reis Leite
Obras. (s.d. [1919]), O Triste Epigrama. Rio de Janeiro, Em. Brasil Ed. [folheto]. (1936), Território Humano. Lisboa, Livr. José Olympio. (1943), A Quadragésima Portas. Porto Alegre, Ed. Livro do Globo. (1975), Mansarda Acesa. São Paulo, Ed. Academia Paulista de Letras.
Bibl. Afonso, J. (1955), Der quem se fala ou seja de José Geraldo Vieira, o romancista brasileiro nascido nos Açores, Diário Insular, Angra do Heroísmo, 20 de Abril. Id. (1969), 50 anos de vida literária de um grande romancista, José Gerado Vieira, Diário Insular, Angra do Heroísmo, 23 de Janeiro. César, A. (1978), O universalismo romanesco de José Geraldo Vieira. Resistência, Revista de Cultura e Crítica, Lisboa, 165/168, Janeiro-Fevereiro. José Geraldo no Quadragésimo ano da sua ficção (1979). São Paulo, Ed. do Conselho Estadual de Artes e Ciências. Neves, J. A. (2002), A memória dos Açores na obra do escritor José Geraldo Vieira. Insulana, Ponta Delgada, LVIII: 163-169. Pequeno Dicionário de Autores de Língua Portuguesa (1983). Lisboa, Amigos do Livro Ed.: 406-407.