Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Valadão Júnior, Francisco Lourenço

[N. Vila Nova, ilha Terceira, 3.10.1889 ? m. Angra do Heroísmo, 31.12.1969] Advogado e governador civil interino. Realizou os estudos secundários em Angra e em Ponta Delgada e formou-se em Direito na Universidade de Coimbra. Em 1913, foi nomeado ajudante de notário; presidiu à comissão executiva da Junta Geral do Distrito, em 1915; 1918-1819, ocupou a presidência da Comissão Administrativa de Angra; em Abril de 1919 assumiu o cargo de secretário-geral do Governo Civil, tendo em vários momentos exercido interinamente o ofício de governador civil e foi ainda professor do liceu. Como advogado ganhou fama e prestígio nas comarcas de Angra e Praia, desde 1914. Colaborou em vários periódicos e revistas com crónicas de circunstância, muitas delas relacionadas com a sua infância, incluindo contos para a revista Os Açores, de Ponta Delgada. É também autor de outros artigos de carácter forense ou de investigação histórica, área em que deixou vários trabalhos publicados sobre o período das lutas liberais, procurando combater a visão mítica e heróica dos vencedores, realçando as atrocidades cometidas. Nas querelas que se desenvolveram entre a população da Terceira e o bispo, D. Manuel Afonso de Carvalho, por causa do controlo que a Igreja pretendia assumir sobre as irmandades do Espírito Santo, o dr. Valadão, como era conhecido, tomou publicamente posição favorável à independência secular das irmandades. A nível social andou ligado a várias instituições, nomeadamente presidente da Assembleia-Geral do Sport Clube Angrense, Rádio Clube de Angra e Fanfarra Operária e foi sócio fundador do Instituto Histórico da Ilha Terceira. Foi agraciado com a Comenda da Ordem de Cristo e outras condecorações estrangeiras. Foi uma figura importante do Estado Novo na ilha. Pela posição que ocupava, tinha um papel decisivo nas jogadas políticas para colocar ou afastar figuras locais dos cargos administrativos; por outro lado, soube manter um bom relacionamento com figuras que sobreviviam nas diferentes conjunturas em Lisboa o que lhe dava poder negocial. Foi várias vezes homenageado não só em Angra como na sua freguesia natal, onde o seu nome faz parte da toponímia, desde 1929, junto à casa onde nasceu. Por esta ocasião, a Câmara da Praia colocou o seu retrato dele no salão nobre. É pai de Ramiro *Valadão. Carlos Enes

Obras Principais. (1942), Um terceirense notável: o 1º Conde da Praia da Vitória. Angra do Heroísmo, Tip. Angrense. (1943), A Ilha Terceira. A emigração liberal. D. Maria II, Rainha da Terceira. O Terror. O julgamento de um guerrilheiro condenado à morte. Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, 1: 60-96. (1956), A guerra entre a Inglaterra e a América do Norte e o bisavô do Dr. Luís da Silva Ribeiro; Um heróico combatente da Guerra Civil Portuguesa (Bisavô do dr. Luís da Silva Ribeiro). Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, 14: 256-313. (1958), Um Juiz de Fora, em Angra, no 1º quartel do século XIX; Um Fidalgo e um Alfaiate, agitadores políticos na cidade de Angra, em 1821 a 1823, Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, 16: 36-98. (1959), Na Vila da Praia: Um Juiz de Fora. Um frade constitucionalista, 1823-1824, Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, 17: 85-104. (1964a), Evocando figuras terceirenses. Angra do Heroísmo, Tip. Angrense. (1964b), Dois capitães-generais e a 1ª revolução constitucional na ilha Terceira. S.l., Edições Panorama.

 

Bibl. Merelim, P. (1983), Freguesias da Praia. Angra do Heroísmo, Direcção Regional de Orientação Pedagógica da Secretaria de Educação e Cultura, II: 733-737.