Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Valadão, Ramiro Machado

[N. Angra do Heroísmo, 21.3.1918 ? m. Lisboa, 19.9.1997] Jornalista. Estudou no liceu de Angra do Heroísmo, onde fazia parte do grupo dos nacionalistas que ali se havia criado com Dutra Faria. Em Coimbra, licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas, com 19 valores, defendendo uma tese sobre a pintura moderna em Portugal. Foi presidente da Academia de Coimbra (1939-1941), presidente da Tuna, fundador e director do jornal Via Latina, órgão da Academia. A sua ligação à imprensa fez-se desde muito cedo, colaborando no Fradique, Acção, secretário da direcção do Diário Popular (1941-1945), director da revista Panorama (1946), editada pelo Secretariado Nacional de Informação, para além da colaboração em outros jornais como o Diário da Manhã, A Voz, e alguns periódicos açorianos, com destaque para o Diário Insular. Ideologicamente esteve na sua fase inicial ligado ao nacional-sindicalismo. Foi um dos que tentou reeditar o jornal a Revolução, com o nome de Revelação, que acabou por ser suspenso no início dos anos 30. Aos poucos abandonou o caminho seguido por Rolão Preto e integrou-se no Estado Novo. Deste modo chefiou os Serviços de Imprensa da União Nacional, foi comentador político na Emissora Nacional, até ser nomeado presidente da Rádio Televisão Portuguesa, na era marcelista (de Abril de 1969 a Maio de 1974). Preso em Dezembro de 1974, só foi julgado a partir de Abril de 1975, e acusado de crimes de abuso de confiança e burla durante o período em que presidiu à Rádio Televisão Portuguesa. Pagou uma caução e fugiu para o Brasil, livrando-se do cumprimento da pena de quatro anos. Após uma amnistia em 1983, acabou por regressar a Portugal, mantendo sempre a sua posição ideológica em várias entrevistas que deu. Carlos Enes

Bibl. Portugal, Madeira e Açores (1942), 28 de Outubro. Medina, J. (1978), Salazar e os fascistas, Lisboa, Livraria Bertrand: 149. Quintas, J. (1996), Valadão, Ramiro Machado, in Dicionário e História do Estado Novo. Lisboa, Bertrand Editora, II: 1000.