[N. ilha Graciosa, 16.5.1831 ? m. Fajã de Cima, ilha de São Miguel, 23.8.1907] Era filho de Francisco José Machado, natural de Chaves, e de sua mulher Ana Rosa, natural de Lisboa. Seu pai era sargento de Infantaria 1, tropa miguelista, e estava destacado na ilha Graciosa onde nasceu o filho, sendo baptizado em casa por estar fraco. Com a adesão da ilha ao movimento liberal, as tropas miguelistas vieram prisioneiras para a Terceira. Entre os prisioneiros vinha o sargento José Machado (Arquivo Açoriano, VI: 110). António José foi então baptizado sub conditione na Sé de Angra, a 24 de Janeiro de 1832, e é por esse registo que ficamos a saber a data e local de nascimento. Esta circunstância fez com que os seus biógrafos, até Miguel Soares da Silva, o dizerem natural da ilha Terceira. Em Angra o pai encontrou um irmão, João António Machado, que era soldado do batalhão académico, o qual o protegeu e o levou para São Miguel com a família onde exerceu a profissão de encadernador e livreiro.
Assim António José cresceu e estudou em Ponta Delgada e aos 15 anos era amanuense da Câmara Municipal. Empregou-se no escritório comercial de Jacinto Fernandes Gil, primeiro visconde do Porto Formoso, que veio a «herdar» quando este fixou residência em Lisboa, e lho entregou com o activo e o passivo, que era de monta. Progrediu nos negócios e fez uma fortuna significativa, comprando vastas propriedades na zona da costa norte do concelho de Ponta Delgada, na freguesia de Santa Bábrbara, tornando-se um grande proprietário.
Na política, foi elemento destacado do Partido Regenerador e entusiasta do movimento autonomista. Foi eleito procurador pelo concelho do Nordeste à Junta Geral para o triénio de 1902 a 1904, sendo eleito vice-presidente dessa corporação, em 1902, à qual presidiu interinamente.
Casou in articulo mortis com a governanta, Maria da Gloria Tavares, legitimando um filho de 12 anos, António.
Foi agraciado, por decreto de 8 de Agosto de 1878, com a comenda da Ordem de Cristo e na sequência da visita régia recebeu o título de visconde de Santa Bárbara, local das suas propriedades, por decreto de D. Carlos, de 1 de Agosto de 1901. J. G. Reis Leite
Fonte. Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo, Paroquiais, Baptismos da Sé, baptizado a 24 de Janeiro de 1832. Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, Paroquiais, Óbitos da Matriz de Ponta Delgada, óbito de 23 de Agosto de 1907.
Bibl. Leite, J. G. R. (1995), Política e administração nos Açores de 1890 a 1910. O primeiro movimento autonomista. Ponta Delgada, Jornal de Cultura: 342-343. Silva, M. S. (2007), O Visconde de Santa Bárbara. Breve registo biográfico, Correio dos Açores, Ponta Delgada, 18 de Dezembro.