[N. Ponta Delgada, 17.6.1886 ? m. ibidem, 31.7.1968] Deputado e governador civil. Bacharel em Direito (1909), pela Universidade de Coimbra, onde foi um destacado elemento da greve académica de 1907, regressou a Ponta Delgada onde se dedicou à advocacia, conjuntamente com outras actividades: foi director do Registo Civil, de 1911 a 1956, professor do Liceu e da Escola Primária Superior, Provedor da Santa Casa da Misericórdia, juiz dos tribunais Judicial e do Trabalho, governador civil, o primeiro na República, a que se seguiram outros desempenhos no mesmo cargo (1910-1911, 1919, 1920-1921 e 1923-1924) e empresário. Espírito empreendedor, fundou a Companhia de Navegação *Carregadores Açoreanos, tendo sido seu director delegado entre 1926-1960; foi um dos dinamizadores da construção do Teatro Micaelense e co-fundador do jornal *Correio dos Açores. Republicano, ainda dos tempos da universidade, manteve a sua opção liberal no período do Estado Novo. Eleito deputado na primeira legislatura republicana, pelo círculo de Ponta Delgada, foi o autor do diploma, que deu origem à Lei n.º 88, de 7 de Agosto de 1913, que reconheceu a autonomia aos distritos insulares, já aprovada no período da monarquia constitucional.
Pertenceu à maçonaria, Loja Companheiros da Paz, com o nome simbólico de Vítor Hugo. Exerceu funções de venerável, tendo atingido o grau 18, em 1919, conhecendo-se a sua actividade ainda em 1924. Foi condecorado com a Comenda da Ordem de Cristo e o seu nome faz parte da toponímia micaelense. Carlos Enes
Bibl. Andrade, M. (1995), Autonomia ? vultos e factos, Pasta Pedagógica 1, Ponta Delgada, Direcção Regional da Educação, cap. II: 21. Leite, J. G. R. (1995), Política e administração nos Açores de 1890 a 1910 ? o primeiro movimento autonomista. Ponta Delgada, Jornal e Cultura, Anexos: 87. Lopes, A. [inédito], A maçonaria portuguesa e os Açores ? 1792-1935.