Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Silva, Frederico Augusto Lopes da

[N. Angra do Heroísmo, 1.12.1863 ? m. Ibidem, 31.12.1941] Licenciou-se em Farmácia na Universidade de Coimbra (1887), nomeado farmacêutico da Misericórdia da Praia da Vitória (1892) exerceu esta profissão até ser secretário da Junta Geral.

Foi redactor de A Terceira órgão do Partido Regenerador. Distinguiu-se como jornalista muito combativo e foi em 1892 secretário da Comissão de Resistência formada para lutar contra a unificação da moeda e em defesa da economia açoriana.

Exerceu também funções de advogado provisório a partir de 1894 e algumas vezes de juiz substituto, na Praia da Vitória,. Foi provedor do Hospital da Misericórdia de Angra, no início do século XX, onde introduziu melhoramentos de relevo como uma sala de operações, pavilhão de alienados e sobretudo um corpo de enfermagem constituído por irmãs religiosas de São José de Cluny, contra as quais se levantou na imprensa uma campanha renhidíssima movida por elementos anti-clericais, até que foram expulsas com a implantação da República.

Na política apresentou-se sempre como independente, porém próximo dos regeneradores. Apoiou a Esquerda Monárquica de Barjona de Freitas. Foi presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória (1896 e 1897) e administrador do concelho de Santa Cruz da Graciosa. Em 1901 foi designado presidente da Junta Geral do Distrito, cargo que ocupava quando da visita régia tendo sido eleito procurador pelo município de Santa Cruz da Graciosa na eleição de 6 de Novembro de 1898.

Exerceu o cargo de reitor do Liceu de Angra do Heroísmo em 1902, quando este estava instalado no palácio Bettencourt, tendo introduzido melhoramentos no edifício especificamente o primeiro ginásio.

Com a proclamação da República retirou-se da vida política e do jornalismo, mas em 1922, durante o segundo movimento autonomista e em época de grande entusiasmo regionalista foi enviado pela Junta Geral, de que era secretário, à cidade de Funchal para tomar parte na reunião de delgados açorianos e madeirenses que discutiram a autonomia administrativa das ilhas atlânticas.

Aliás, durante o primeiro movimento autonomista tinha Frederico Lopes da Silva sido um destacado membro da Comissão Autonomista do Distrito de Angra do Heroísmo (1894) e um dos redactores do projecto daquela comissão que preconizava uma autonomia distrital municipalista e descentralizada.

Foi também um dos fundadores da Sociedade Promotora da Agricultura Terceirense em 1911, presidente da Junta Autónoma dos Portos e director da Caixa Económica de Angra do Heroísmo, tendo nesta missão promovido a construção dos primeiros bairros de casas económicas em Angra e a reconstrução do Teatro Angrense.

Foi amador dramático e autor de textos teatrais, nomeadamente de teatro de revista, e usando o pseudónimo de «Caturra», colaborando neste campo como o filho homónimo. J. G. Reis Leite

Obras. (1894), Relatório e projecto elaborado pela Comissão Autonomista do Distrito de Angra do Heroísmo [relactor]. Angra do Heroísmo, Imp. Municipal. (1926), Coplas da Revista Flores e Bandarilhas por Caturra Sénior e Caturra Júnior Piedade Vaz. Angra do Heroísmo, Tip. União.

 

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