Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Aguiar, João Maria de

[N. em Ponta Delgada, 20.11.1858 - m. Santo Antão, Évora, 22.09.1935] Ingressou na arma de artilharia em Agosto de 1879, tendo feito os estudos preparatórios para Engenharia Militar na Universidade de Coimbra em 1880. No ano lectivo de 1882-83, matriculou-se na Escola do Exército no Curso de Engenharia, após o que foi colocado com a patente de alferes no batalhão n.º 2 dos Caçadores da Rainha. A 30.1.1896 foi promovido a capitão e colocado no Regimento de Engenharia. Foi nomeado governador interino do distrito de Moçâmedes em 1899, e posteriormente transferido para o cargo de governador do distrito do Congo. Em 3.10.1902 foi nomedo governador do distrito de Huíla, passando à patente de major em 1904. Comandou, de 22.8 a 10.12.1904, uma coluna composta por 1300 homens, que desceu do Lubango ao Humbe, cujo objectivo era bater os Cuamatos e os Cuanhama. Os Cuamatos, muito superiores em número e bem armados, acabaram por infligir uma pesada derrota às tropas portuguesas, tendo-se verificado 255 mortos e 50 feridos, sendo este acontecimento conhecido como «O desastre do Vau do Pembe». Foi exonerado do cargo de governador de Huíla em 1905. Em 1907 foi nomeado para fazer parte de uma comissão encarregada de elaborar o plano geral das obras a fazer no Hospital Militar Permanente de Lisboa, com o fim de melhorar as suas condições de higiene e modificar e ampliar as suas instalações. Passou à reserva em 1917 com a patente de coronel de Engenharia. Em consequência da sua actividade militar, foram-lhe atribuídas várias condecorações e louvores, salientando-se o grau de 3.ª classe da Ordem da Águia Vermelha, concedido pelo imperador da Alemanha e rei da Prússia, sendo ainda agraciado, a 13.10.1903, com a medalha de ouro da Classe de Serviços Distintos no Ultramar.

Por testamento de 11.10.1930, João Maria de Aguiar legou parte dos seus livros à Junta Geral do Distrito Autónomo de Ponta Delgada, com o desejo de os mesmos serem incorporados numa biblioteca pública, mas conservando-se em conjunto à parte dos livros que formam o fundo da biblioteca. Esta disposição testamentária foi cumprida, encontrando-se os livros acima referidos (cerca de 3000) na Biblioteca Pública e Arquivo de Ponta Delgada, constituindo a Livraria João Maria de Aguiar. Francisco Silveira (Nov.1995)