Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Serrão, Joaquim Silvestre

[N. Setúbal, 16.8.1801 ? m. Ponta Delgada, 20.2.1877] Músico. Após a conclusão dos estudos primários e secundários entrou no convento da Ordem de Santiago de Espada. Aqui aprendeu os primeiros elementos de música, nomeadamente harmonia e contraponto, e aprendeu a tocar instrumentos de arco. Aos dezoito anos entrou para o convento de Palmela, ordenando-se presbítero. Deixou este convento após a extinção das ordens religiosas, onde exercia as funções de organista e mestre da capela. Resolveu, então, partir para os Açores, em 1841, depois de uma passagem por Lisboa. Ficou colocado como organista da Matriz de Ponta Delgada, durante trinta e seis anos, recebendo ainda os proventos de uma capelania no recolhimento de Santa Bárbara, de lições de música e das gratificações pelas suas composições. Numa passagem pela Terceira construiu parcialmente e montou um órgão para a Sé Catedral e, em São Miguel continuou a mesma actividade em conjunto com o marceneiro João Nicolau Ferreira. Segundo Supico, as suas principais obras são as «Matinas para os ofícios religiosos da Semana Santa», que correspondem a umas dezenas de peças. Escreveu também «Motetto a Santa Cecília» e «Aliados na Crimêa», composição para dois pianos fortes. Miguelista por convicção, escreveu o hino «Rei chegou», obra muito popular em todo o país. Algumas das suas obras foram impressas em Paris, por iniciativa do seu protector, o visconde da Praia. Foi muito admirado em São Miguel pelos amigos da música e, por isso, lhe erigiram um monumento no cemitério de São Joaquim, em Ponta Delgada. Carlos Enes

Bibl. Supico, F. (1995), As Escavações. Ponta Delgada, Instituto Cultural de Ponta Delgada, II: 882-84.