Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Serpa, José Machado

[N. Prainha do Norte, ilha do Pico, 9.3.1864 ? m. Horta, 17.12.1945] Deputado, senador, governador civil, escritor e jornalista. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra (1886). Foi sub-delegado do Procurador Régio na Boa-Hora (Lisboa), conservador do Registo Predial da Ribeira Grande e juiz municipal do julgado do Nordeste, na comarca da Povoação, ambos na ilha de S. Miguel, e delegado do Procurador Régio, na Horta, (Maio de 1890), onde esteve cerca de 18 anos. Nomeado juiz de direito em Santa Cruz das Flores e depois em Bragança, não exerceu estes cargos por ser membro do Congresso da República (cf. Serpa, [1987]: 9).

Foi governador civil do distrito da Horta, o primeiro do regime republicano, de 1910 até 1 de Abril de 1911 (Telégrafo (O), 1910); eleito deputado à Assembleia Constituinte, em Maio de 1911 (Telégrafo (O), 1911), passou, posteriormente ao Senado. Retirou-se da vida política com a Revolução Nacional, surgida após o golpe militar de 28 de Maio de 1926.

Em Coimbra, em 1886, saído da Imprensa Académica, publicou o opúsculo A indústria piscatória nas ilhas do Fayal e do Pico, de interesse histórico local por dar informações sobre a pesca e a vida dos pescadores naquelas ilhas. Na Ribeira Grande, escreveu uma monografia sobre o concelho do Nordeste (Machado, 1889).

Na Horta, em 1888, iniciou e redigiu o semanário político A Folha Insulana, cujo primeiro número foi publicado em 10 de Maio, mas que teve vida efémera. Tem outra colaboração dispersa pela imprensa da Horta, nomeadamente as colecções de escritos que intitulou Vocabulário Regional (Telégrafo (O), 8 de Março de 1940 a 27 de Março de 1941) e A fala das nossas gentes (Correio da Horta, 24 de Fevereiro de 1942 a 17 de Dezembro de 1955), onde faz a crítica e a tradução de expressões populares que captou no então distrito da Horta. Segundo Greaves (1958: 206-207), neste trabalho há larga ciência de usos populares, em termos e costumes, muito de demopsicologia destes povos ocidentais. Ao estudo e paciência do autor, devemos um trabalho de ressaltante valimento, a dar maior lustre ao seu nome. Ao comentário, faz reviver a sua verve a capricho. Em 1987, estes escritos foram reunidos em livro.

Em sessão ordinária de 6 de Abril de 1914, a Câmara Municipal da Horta decidiu dar o nome Av. do senador Machado Serpa ao largo do lado norte da cidade (Biblioteca Pública e Arquivo Regional da Horta, Câmara Municipal da Horta, Vereações, Liv. 59A: 21; Telégrafo (O), 1914). Também na vila da Madalena, ilha do Pico, o seu nome está registado na toponímia local. Luís M. Arruda

Obras: (1886), A indústria piscatória nas ilhas do Fayal e do Pico. Coimbra, Imprensa Académica. (1889), Notícia sobre a vila do Nordeste. Ponta Delgada, Typ. Popular. ([1987]), A fala das nossas gentes. Horta, Ponta Delgada, Angra do Heroísmo, Câmara Municipal da Horta, Signo, Secretaria Regional da Educação e Cultura.

 

Fonte: Biblioteca Pública e Arquivo Regional da Horta, Câmara Municipal da Horta, Vereações, Liv. 59A.

 

Bibl. Greaves, M. (1958), Outras Histórias que ouvi. Horta, Edição da família do autor. Serpa, J. M. ([1987]), A fala das nossas gentes, Horta, Ponta Delgada, Angra do Heroísmo, Câmara Municipal da Horta, Signo, Secretaria Regional da Educação e Cultura. [Notícia biográfica]. Rebello, E. (1982), Notas açorianas. Escriptores e homens de lettras. In Arquivo dos Açores. Ponta Delgada, Universidade dos Açores, IX: 30-31 [Reprodução fac-similada pela edição de 1887]. Telégrafo (O) (1910), Horta, 7 de Outubro, Machado Serpa investido Governador civil da Horta. Telégrafo (O) (1911), Horta, 12 de Maio, Deputado pelo círculo da Horta. Telégrafo (O) (1914), Horta, 7 de Abril, Av. do senador Machado Serpa.