[N. Bretanha, ilha de São Miguel, entre 1786/1790 ? m. Rabo de Peixe, ilha de São Miguel, 10.10.1844] Deputado e jornalista. Era o mais velho dos doze filhos do morgado e sargento-mor Manuel Joaquim de Vasconcelos, ficando por isso herdeiro do vínculo. Recusando essa prerrogativa, assinou uma escritura no tabelião de Ponta Delgada em que se comprometia a compartilhar alimentos e parte dos bens com a mãe e os irmãos, atitude coerente com posições assumidas posteriormente. Na vida política andou sempre ligado ao sector mais radical do liberalismo, defendendo a Constituição de 1822 e enfileirando nas hostes setembristas. A sua actuação terá começado como vereador do município, de Fevereiro de 1831 a Abril de 1836, com uma breve incorporação no Batalhão Cívico. Foi eleito deputado pela Província Oriental dos Açores na legislatura de 1837-1838 e pelo círculo de Ponta Delgada, na de 1838-1840. Na qualidade de deputado, pertenceu a várias comissões parlamentares e lutou pela extinção dos morgadios e vínculos, defendeu a aplicação de alguns bens deixados pela extinção das ordens religiosas e pelas vendas dos conventos para a criação de portos francos em São Miguel; pugnou pela criação de um novo hospital, pela construção da doca, pela elevação da Povoação e das Capelas à categoria de vila, etc.. Enquanto esteve na capital foi também advogado provisionário, recusando vários convites para exercer outros cargos políticos. Por motivo de doença regressou a São Miguel, em 1844.
Na área do jornalismo fundou e redigiu o Açoriano Oriental, em 1835, para uns anos depois, em 1838, fundar em Lisboa, o jornal O Tempo, conjuntamente com José Estêvão de Magalhães. Considerado o primeiro jornalista profissional em São Miguel, os princípios deontológicos que então imprimiu mantêm-se actuais e anteciparam as modernas concepções de direito de resposta, segundo Mário Mesquita (Açoriano Oriental, 1995).
Em 1995, por ocasião do 160.º aniversário do Açoriano Oriental, foram-lhe prestadas várias homenagens: o seu nome passou a figurar numa artéria em Ponta Delgada, na escola primária do Pilar, na Bretanha, e no Jardim da Povoação. Foi membro da maçonaria, pertencendo à Loja 2 de Agosto de 1831, conhecida pelo nome de «Os Gatos». Carlos Enes
Bibl. Açoriano Oriental (1995), Ponta Delgada, 8 de Abril; 6 de Agosto, 7 de Agosto. Ibidem (1996), Ponta Delgada, 5 de Fevereiro; 29 de Março. Lopes, A., A maçonaria portuguesa e os Açores ? 1792-1935 [inédito]. Lucas, M. J. (2006), Manuel António de Vasconcelos, Dicionário Biográfico Parlamentar, 1834-1910. coord. Maria Filomena Mónica, Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais-Assembleia da República, III: 1016. Supico, F. (1995), As Escavações. Ponta Delgada, Instituto Cultural de Ponta Delgada, II: 705-707 e 817.