Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

No ano em que completa 25 anos de existência o Centro de Estudos de Povos e Culturas de Expressão Portuguesa (CEPCEP), da Universidade Católica Portuguesa, dá por concluída a sua obra mais longamente cogitada e executada: a Enciclopédia Açoriana.
É, pois, um tempo de celebração, em que se mesclam sentimentos de júbilo e satisfação.
Todavia, em retrospectiva, haverá que reconhecer ter-se tratado de uma empresa temerária.
Ainda que contando no seu longo activo de actividades com outras obras de características enciclopédicas – como a Activa Multimédia ou a Educar Hoje (Enciclopédia para Pais), ambas editadas pela Lexicultural – jamais a Direcção do CEPCEP contemplara lançar-se na concepção e realização de uma tarefa a um tempo tão complexa e emblemática: a produção de uma enciclopédia regional, debruçada sobre os mais variados azimutes de temas e comunidades açorianos.
Tendo constatado a inexistência de uma enciclopédia abrangente sobre os Açores a Direcção do CEPCEP debateu aprofundadamente a hipótese de a levar por diante. Sendo o CEPCEP uma unidade académica desprovida de recursos científicos dedicados a tempo inteiro ainda mais problemática se apresentava o desafio. Acresce a notória incapacidade de um Centro de Estudos em Portugal conseguir alavancar fundos próprios suficientes para viabilizar um projecto de tal envergadura.
Na realidade, somente pela conjugação – e convocação – de um amplo leque de patrocínios, boas vontades e competências exteriores ao próprio CEPCEP seria possível encarar o empreendimento.
Foi o que aconteceu, não por geração espontânea, mas mercê de uma aturada e persistente dedicação de pessoas que não deixarei de nomear mais adiante, como é de elementar justiça fazer.
Após longas cogitações, o projecto viu-se aprovado pela direcção do Centro no já longínquo ano de 1988.
Foi uma caminhada espinhosa, quantas vezes frustrante, mas também muitas vezes exaltante.
Os meios financeiros, naturalmente vultuosos pela natureza própria da obra, foram sendo negociados não obstante a necessidade, recorrente, de o próprio CEPCEP se ter visto na contingência de auto-financiar parte das despesas para evitar o risco de paralisação.
Mas, a sabedoria do tempo viria a confirmar a relevância estratégica do projecto.
Assim, entrada por entrada, ilustração por ilustração, tema por tema, página por página, volume por volume, a Enciclopédia Açoriana foi adquirindo corpo e consistência.
A estatística final é impressionante: 272 autores, 10.804 artigos, 4.559 páginas!
Uma obra deste alcance e ambição é naturalmente imperfeita. Mas representa um importantíssimo acervo de perspectivas, facetas e contribuições que constituem uma base “tangível” para o aperfeiçoamento continuado da tarefa.
Os Açores ficam agora melhor documentados, descritos, apresentados, quiçá mesmo valorizados na sua inigualável riqueza humana, social, cultural e dotação natural.
Claro que no termo feliz de um magnum opus desta envergadura haverá que endereçar os merecidos agradecimentos.
Em primeiro lugar, um sentido agradecimento aos dois coordenadores-gerais, Artur Teodoro de Matos e Luís Arruda que, em momentos diferentes mas sempre em sintonia, garantiram a coerência científica da enciclopédia e a delicada tarefa de mobilização / articulação de autores. É de justiça expressar o nosso profundo reconhecimento a Pedro da Silveira que, na fase nascente do projecto, contribuiu substantivamente para a definição inicial da Enciclopédia.
O nosso reconhecimento é dirigido também aos colaboradores mais próximos dos coordenadores-gerais - Eduíno de Jesus, Luiz Fagundes Duarte, Jorge Couto, Carlos Enes, Paulo Pinto e Luís Pinheiro - que ao longo de quase década e meia asseguraram tarefas de coordenação sectorial e / ou de secretariado executivo sem as quais a obra nunca teria visto a luz do dia.
Finalmente, é devido um destaque muito especial ao patrocínio do Governo da Região Autónoma dos Açores, e à Direcção Regional dos Assuntos Culturais, depois Direcção Regional da Cultura, que apostaram no projecto e garantiram, no essencial, os meios financeiros para a sua consecução.
Aos meus colegas de direcção do CEPCEP que nunca desanimaram, nem puseram em causa a continuidade do empreendimento mau grado os tempos difíceis que ele foi conhecendo, manifesto a minha profunda gratidão e tributo o meu humilde reconhecimento por mais esta prova de unidade e de solidariedade.

Nos 25 anos do CEPCEP, aos 31 de Agosto de 2008.

Roberto Carneiro
Presidente da Direcção
Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa