A Biblioteca Pública e Arquivo Regional Luís da Silva Ribeiro apresenta a exposição Figuras de terra: antropomorfismos de Marina Mendonça, que estará patente no espaço Arte & Debates entre os dias 13 de junho e 30 de setembro de 2025.
Nesta exposição, Marina Mendonça dá a conhecer o resultado de uma investigação iniciada em 2020, centrada na exploração de materiais endógenos dos Açores para a criação de peças cerâmicas originais, utilitárias e decorativas. A artista alia o respeito pelas técnicas ancestrais à experimentação contemporânea, utilizando elementos como a pedra de cantaria, a obsidiana e o pigmento do Barreiro da Faneca, desenvolvendo vidrados únicos que resultaram de um longo processo de ensaio, erro e descoberta.
As peças expostas combinam um barro grés com componentes minerais da região, dando origem a texturas e tonalidades singulares que evocam a identidade geológica e cultural das ilhas. Destaca-se a peça “Santa Maria” idealizada pela artista e criada em colaboração com a artesã Aida Bairros, que trabalhou o vime proveniente de uma produção sustentável na ilha de Santa Maria.
Nota Biográfica
Marina Mendonça é ceramista e artesã com mais de 30 anos de experiência na área da cerâmica artística e utilitária. Natural de Ponta Delgada, decidiu trocar a cidade de Lisboa pela ilha de Santa Maria, nos Açores, onde se instalou numa antiga casa de família e criou o seu atelier, dando início a uma nova fase criativa e à fundação da sua marca.
Com formação em Cerâmica pelo AR.CO – Centro de Arte e Comunicação Visual (1993), desenvolveu ao longo do tempo uma linguagem própria que cruza técnicas ancestrais com uma abordagem contemporânea. Em Santa Maria, criou uma linha de peças figurativas, os chamados "monstrinhos", inspirados nas histórias, lendas e mitos do imaginário marítimo açoriano. O contacto íntimo com a natureza e o mar tornou-se essencial para a sua prática artística, conferindo às suas obras uma forte ligação ao território e ao património imaterial da região.
Para além da cerâmica escultórica, desenvolve também loiça utilitária e participa em projetos colaborativos com diversos parceiros. Em 2018, iniciou o seu projeto na área do artesanato e, no ano seguinte, obteve o Certificado de Artesanato dos Açores, reconhecimento oficial da autenticidade e qualidade do seu trabalho.
Tem integrado residências e programas de desenvolvimento artístico, como a Residência de Fibras Vegetais e Cerâmica promovida pelo CRAA em 2019, orientada por Kathi Stertzig e Álbio Nascimento, e a Incubadora de Artesanato – Azores Craft Lab (2019/2020), com mentoria de Álbio Nascimento e Susana António. Em 2023, foi convidada a participar na RARA – Residência de Artesanato da Região dos Açores, com os designers Ivo Rodrigues e Margarida Lopes, sob curadoria de Miguel Flor.