A Direção Regional da Cultura, através da Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça, expõe o Documento Histórico e a Raridade do Mês, que estarão patentes ao público na vitrine da Sala de Leitura durante o mês de maio de 2025.
A raridade selecionada é um exemplar da obra de Júlio Dantas, O amor em Portugal no século XVIII (Porto, 1917). O texto veio a público em finais de 1915 no jornal A Capital no formato de folhetim bissemanal, tendo saído em livro no ano seguinte. Continuou o sucesso da peça teatral do seu autor, A Ceia dos Cardeias, de 1902, onde o personagem cardeal Gonzaga, exclama: Como é diferente o amor em Portugal!
Tema permanente na obra de Júlio Dantas, o amor em Portugal no século XVIII são descritos nos quarenta quadros que se apresentam, de uma forma ligeira, mas bem documentada, exagerada porque propagandística, notando-se, ainda, a preocupação, cinco anos após a implantação da República, em criticar a aristocracia.
Constituindo uma das mais reconhecidas figuras da intelectualidade portuguesa da época e um defensor dos cânones estéticos de até então, enquanto crítico literário foi um renhido opositor do movimento modernista da Revista Orpheu. Estes, por sua vez, refutaram, tornando-se histórico o virulento texto de um então jovem de 23 anos, Almada Negreiros: o Manifesto Anti-Dantas.
Na linha das ideias amorosas de antigamente, o documento selecionado é um libelo - requerimento pelo qual se solicita a um tribunal eclesiástico a anulação de um matrimónio católico - do arquivo da ouvidoria eclesiástica da Horta, de 1748, constituído por 122 fólios, em que se opõem Rosa Francisca, a autora, e José Correia, o réu, ambos da freguesia de Angústias.