No âmbito da Temporada Artística 2019, a Secretaria Regional da Educação e Cultura, através da Direção Regional da Cultura, e em parceria com a Câmara Municipal da Horta, promove, dia 31 de agosto, sábado, no Teatro Faialense, pelas 21h30, a realização de um concerto pela Orquestra Regional Lira Açoriana.
No ano em que se assinala a passagem dos 150 anos do nascimento de Francisco de Lacerda, o programa deste concerto terá início com a interpretação da obra para orquestra sinfónica, Dans le Clair de Lune. Seguir-se-ão peças de Gustav Holst. Wouter Lenaerts, Frank Ticheli e Antero Ávila
Programa:
Dans le Clair de Lune (1925) – Francisco de Lacerda (1869-1934)
Second Suite in F for Military Band, Op. 28/2 (1911) – Gustav Holst (1874-1934)
March
Song without Words
Song of the Blacksmith
Fantasia on the “Dargason”
Devil’s Island (2004) – Wouter Lenaerts (1981-)
Angels in the Architecture (2008) – Frank Ticheli (1958-)
Toada (2017) – Antero Avila (1973- )
Sinopse:
Quando passam 150 anos do nascimento do compositor açoriano Francisco Lacerda, não podia a Orquestra Regional Lira Açoriana deixar de interpretar música de sua autoria. Embora se conheçam pequenas peças escritas por Lacerda para agrupamentos instrumentais de sopros, as mesmas não se encontram devidamente estudadas e editadas pelo que se optou por interpretar uma transcrição daquela que é uma das suas mais conhecidas obras para Orquestra Sinfónica: Dans le Clair de Lune; obra inspirada pelo poema Clair de Lune de Paul Verlaine, o mesmo poema que inspirou Debussy a escrever Clair de Lune, o terceiro andamento da Suíte Bergamasque.
Mantendo o nosso foco em compositores insulares interpretaremos Second Suíte in F, Op. 28/2 do compositor inglês Gustav Holst. Esta suíte é composta por quatro andamentos baseados em música tradicional inglesa. Tal como a First Suíte, também esta obra de Holst se tornou um standard do repertório de Orquestra de Sopros.
Wouter Lenaerts é um compositor Belga que é atualmente professor no Conservatório Real de Bruxelas. A obra Devil’s Island, a Ilha do Diabo, é inspirada na tenebrosa ilha prisão que a França manteve durante décadas no arquipélago conhecido como Îles du Salud, situado ao largo da Guiana Francesa. Esta colónia penal francesa servia de cativeiro aos mais perigosos criminosos franceses e ficou célebre pela brutalidade das condições em que eram mantidos os prisioneiros. Um dos seus mais famosos prisioneiros foi Henri “Papillon” Charrière, que, tendo sido um dos poucos que escapou com vida dessa ilha, escreveria o romance biográfico Papillon que seria adaptado para filme em 1970. A obra de Lenaerts transmite-nos esse carácter sombrio e violento da ilha que hoje está desabitada e fechada a visitantes.
Angels in the Architecture foi escrita em 2008 pelo compositor americano Frank Ticheli e foi estreada nesse mesmo ano na Sydney Opera House. O título desta peça é inspirado na própria Sydney Opera House, sobretudo nos seus ornamentos acústicos em forma de auréola pendurados diretamente acima do palco. A obra desenrola-se como uma espécie de conflito dramático entre os dois extremos da existência humana: o divino e o maligno. Angels in the Architecture começa com uma única voz cantando uma melodia Shaker do séc. XIX. Este “anjo” enquadra a obra, envolvendo-a como um manto protetor e estabelecendo o divino. Outras representações de luz - interpretadas por instrumentos em vez de cantadas - incluem a canção hebraica "Hevenu Shalom Aleicham" e um conhecido Salmo Genovês do século XVI. Estas três canções emprestadas, apesar das variadas origens religiosas, destinam-se a transcender qualquer religião, representando os ideais humanos mais universais de paz, esperança e amor. Um coral original do compositor, aparece duas vezes na obra, representando a ideia pessoal do mesmo sobre Paz e Amor. Em oposição, a música turbulenta e acelerada aparece como um símbolo da escuridão, da morte e da dúvida espiritual. Duas vezes durante o drama musical, essas sombras espreitam quase impercetivelmente, indo lentamente obscurecer o ambiente até obliterar a luz por completo. A escuridão prevalece por longos períodos de tempo, mas a luz sempre retorna, inextinguível, mais poderosa do que antes. A alternação dessas forças opostas cria, com efeito, uma espécie de forma rondó de cinco partes (luz - escuridão - luz - escuridão - luz).
Antero Ávila nasceu em 1973 na Ilha do Pico. Depois de um percurso musical que se iniciou com aulas particulares e com atividade na Banda de São Roque do Pico, ingressa posteriormente no Conservatório Nacional, em Lisboa, e mais tarde na Escola Superior de Música de Lisboa onde obtém a sua Licenciatura em Composição. Reside atualmente na ilha Terceira, dividindo a sua atividade de professor do Conservatório Regional de Angra do Heroísmo com a de compositor, maestro e instrumentista. Acerca da obra “Toada” diz-nos o compositor: “Esta Toada é inspirada em melodias tradicionais portuguesas. Toada é a designação dada a uma melodia simples, que fica no ouvido e pode ser assobiada. Tratei-a, aqui, de forma contrapontística, fazendo como que um jogo de apanhada com vários timbres a tocar a toada, culminando sempre em momentos em que todos se juntam em fortíssimo.” A obra resultou de uma encomenda da banda União Assaforense, tendo sido estreada em 2017 aquando da gravação do seu CD.
Duração do concerto: 1 hora
Entrada: A entrada será livre (mediante o levantamento de bilhete, por razões de gestão do espaço)
Mercado Municipal – Domingo a quarta-feira das 08h30 às 19h30, de quinta a sábado das 08h30 às 23h00
Bilheteira do Teatro Faialense - Dia do espetáculo 19h30