Na próxima sexta-feira, dia 13 de abril, pelas 21h00, o Instituto Açoriano de Cultura leva a cabo mais um Grémio das 9, que contará com a presença de Ana Lúcia Almeida para uma conversa em torno da obra poética de Eugénio de Andrade. Autor de uma obra poética luminosa e musical, com poemas de poucos versos, que encantou e encanta diferentes gerações de leitores.
Para Ana Lúcia Almeida, poetas são aqueles que sentem mais e dizem melhor. Há-os que ficam nossos, quando uma e outra vez nos surgem as suas palavras, definindo o que de momento nos encanta, tolhe ou atormenta e, nomeando o real, o clarificam.
Eugénio de Andrade é, desde cedo, desde muito cedo, o poeta de Ana Lúcia. Lembra-se do primeiro poema que leu dele e nunca sente o odor das frésias sem tornar sua a saudade da “Pequena Elegia de Setembro”. Do mesmo modo quando ouve os filhos rir sabe que é aquela “a pura ressonância da alegria”. É sempre com as suas palavras que ama, porque tudo nos dói quando muito se quer, e como ele acredita que “as mãos são o mais belo sinal da terra” e nada é pior do que morrer com um “coração inacabado”.
A Antologia Breve, que dá mote a este encontro, foi comprada a 1 de dezembro de 1984. Tem os cantos encarquilhados, a lombada desfiada, páginas quase soltas, porque foi lida e reencontrada dias e noites a fio, como um copo de água que alenta, refresca e sossega. Tem pontos, rabiscos, anotações, já que os poemas foram crescendo e abrindo-se à medida que quem os lia crescia também e lhes descobria outros secretos sentidos e os anotava à margem, não fossem de novo escapar-se.
Na sua Poética, Eugénio de Andrade diz que “a ambição maior do fazer poético foi sempre a mesma: Ecce Homo, parece dizer cada poema”. Ler a sua poesia é sempre o reconhecimento de uma verdade pessoal por via do cristal das palavras. Não havia como falar de outro livro.
Ana Lúcia Gonçalves Almeida nasceu em 1965, na freguesia de Santa Luzia de Angra, onde sempre viveu e do onde só se ausentou durante os cinco anos em que estudou em Ponta Delgada. Frequentou a Escola Secundária de Angra do Heroísmo e licenciou-se em Português-Inglês na Universidade dos Açores, em 1988. Pertence ao Quadro de Nomeação Definitiva da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, onde lecionou Português e Literatura Portuguesa, durante vários anos e foi responsável pela gestão da Biblioteca. Frequentou o curso de Património Histórico-Artístico, Natural e Etnográfico para Professores do Ensino Secundário promovido em 1992 pelo Centro Nacional de Cultura. Foi chefe de Divisão de Inovação Educativa da Direção de Serviços de Formação e Inovação, na Direção Regional de Educação, de 1994 a 1997, e responsável pela disciplina de Literatura Infantil dos Cursos de Professores de 1.º Ciclo e Educadores de Infância, da Universidade dos Açores, em 2001 e 2002. Está destacada desde 2008 no Museu de Angra do Heroísmo, coordenando o Serviço Educativo e o Gabinete de Informação da instituição. É casada e mãe de dois filhos que também gostam da poesia de Eugénio de Andrade.