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rifte da Terceira

Os primeiros modelos tectónicos para a região dos Açores foram propostos antes do advento da teoria da tectónica de placas. Baseando-se na análise do mapa batimétrico disponível à época, o tenente-coronel José Agostinho (1932; 1936) chamou a atenção para a presença, no arquipélago, de linhas tectónicas marcadas por alinhamentos de ilhas e fossas submarinas convergindo em direcção a S. Miguel. Cloos (1939) e Wüst (1940) interpretaram aquela morfologia como o resultado de dobramentos do fundo oceânico em que as ilhas se localizavam nos anticlinais e as fossas nos sinclinais. Alguns anos mais tarde, Machado (1959) argumentou contra aqueles modelos, com base no facto de que ao longo do alinhamento Graciosa-S. Miguel se encontrar uma alternância de ilhas e fossas, incompatível com a ideia dos autores alemães. Para Machado tratava-se, em vez disso, de estruturas do tipo rifte, sobre as quais teriam sido edificados grandes vulcões que interrompiam a morfologia dos graben. Definiu, assim, três estruturas daquele tipo: o Rifte da Terceira, estendendo-se da Bacia Ocidental da Graciosa até S. Miguel; o Rifte do Pico, englobando Faial, Pico e S. Jorge, entre o Faial e S. Miguel; e o Rifte do Banco Açor, estendendo-se em direcção a Santa Maria.

Das três designações apenas a primeira se encontra ainda em uso. O Rifte da Terceira corresponde, portanto, a uma estrutura morfo-tectónica constituída por uma sucessão de bacias tectónicas, alternando com grandes edifícios vulcânicos. De noroeste para sueste, é formada pelas seguintes estruturas: Bacia Ocidental da Graciosa, ilha Graciosa, Bacia Oriental da Graciosa, ilha Terceira, Bacia Hirondelle do Norte, Banco de D. João de Castro, Bacia Hirondelle do Sul, ilha de S. Miguel, Bacia de S. Miguel, relevo das Formigas e Desfiladeiro submarino das Formigas. Para oriente esta estrutura liga-se à Falha Gloria, que é uma das estruturas que constitui a fronteira de placas entre a Eurásia e a África. José Madeira

Bibl. Agostinho, J. (1932), Vulcanismo dos Açores. A Terra, 4: 32-36. Id. (1936), The volcanoes of the Azores islands. Bulletin Volcanologique, 8: 123-138. Cloos, H. (1939), Zur Tectonik der Azoren. Ber. inter. Golfstromexpedition. Abh. Preuss. Akad. Wiss, Phys. Math. kl. 5: 59-64. Machado, F. (1959), Submarine pits of the Azores Plateau. Bulletin Volcanologique (sér. II), 21: 109-116. Wüst, G. (1940), Das Relief des Azorensockels und des Meerensbodens nördlich und nordwestlich der Azoren. Ann. Hydrogr. u. Marit. Meteorol. VIII Beiheft.