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graben das Lajes

Estrutura tectónica, activa, localizada na região nordeste da ilha Terceira, constituindo uma área deprimida entre falhas. Este graben é limitado a nordeste pela Falha das Lajes, que se estende do extremo norte da baía da Praia da Vitória até à costa norte, junto à Caldeira das Lajes, ao longo de uma extensão de quase 8 km na área emersa. A escarpa da Falha das Lajes constitui a vertente sudoeste da Serra de Santiago, e acompanha de muito perto as pistas principais do aeroporto das Lajes e a área de armazenamento de combustíveis para a aviação

Do lado sudoeste, é a Falha das Fontinhas que limita o Graben das Lajes. A escarpa de falha tem expressão mais desenvolvida junto da povoação das Fontinhas, diminuindo a sua altura para noroeste até à ribeira da Areia (Pico da Pedra) onde desaparece, e também para sueste, onde encurva em direcção ao Cabo da Praia e perde expressão morfológica junto a Álamos Bravos. A sua extensão é semelhante à da Falha das Lajes; no entanto, qualquer das falhas terá comprimento superior, estendendo-se para sueste e noroeste mas sem apresentar expressão na topografia.

No interior do graben existem outras escarpas de falha menores, como a que parte da zona da Lagoa (campo de futebol) acompanhando a estrada até à localidade de S. José, ou as falhas da Cruz do Marco, que se estendem por 5 km do centro da baía da Praia da Vitória até perto de Presa das Canas, constituindo um estreito e longo horst. Existem ainda dois degraus morfológicos na Canada dos Doidos e da Canada das Covas até à Canada de S. João, na área de S. Brás, que podem corresponder a outras duas falhas associadas à estrutura do Graben das Lajes. Todas estas falhas apresentam orientação média noroeste-sueste. A largura do Graben das Lajes ronda 3 km.

Esta estrutura tectónica é a mais activa da Terceira e uma das mais activas do arquipélago, sendo responsável por dois dos maiores sismos históricos dos Açores: o abalo de 24 de Maio de 1614 e o terramoto de 15 de Junho de 1841. Em 1614 o sismo resultou de movimentação na Falha das Lajes, existindo relato de rotura superficial (ou seja a falha rompeu até à superfície topográfica deslocando o terreno). Em 1841, o grau de destruição em Fontinhas sugere que o sismo principal possa ter ter sido gerado na Falha das Fontinhas, existindo, ainda, descrição de rotura superficial nas Falhas da Cruz do Marco.

Na área epicentral de 1614 a enorme destruição descrita justifica amplamente a atribuição de intensidade X-XI (MMI), estimando-se magnitude de momento sísmico mínima de 5,8 a 6,3. Ao sismo de 1841 é atribuída intensidade máxima de IX (MMI). Sobre estes sismos veja-se sismos históricos nos Açores. José Madeira