Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Mesquita, Roberto Luís de

 [N. Angra (no castelo de S. João Baptista), 26.1.1785 ? m. ibid., 29.7.1870] Era filho do coronel de milícias Francisco Manuel de Mesquita Pimentel, capitão-mor da ilha das Flores.

Matriculou-se na Faculdade de Matemática da Universidade de Coimbra em 1801 e saiu Bacharel em 1805. Seguiu então a carreira da arma e foi engenheiro militar. Assentou praça e foi promovido a alferes em 1893; 1.º tenente do real corpo de engenheiros, em 1818, reformou-se em 1852 como capitão. Foi lente da Academia Militar da ilha Terceira.

A sua trajectória política foi um pouco equívoca, pois sendo absolutista e legitimista não deixou de considerar a necessidade de reformas, sendo eleito num conturbado período da história política terceirense deputado às Cortes Constituintes em Setembro de 1821, pelo círculo da Terceira, prestando juramento a 13 de Outubro de 1821.

A sua acção nas Cortes, conjuntamente com o seu colega eleito pela Terceira, Manuel Inácio Pamplona *Corte Real, foi no sentido de remar contra a maré, insistindo numa orientação contrária aos deputados de S. Miguel e do Faial, de manter as ilhas açorianas na administração ultramarina e politicamente unidas num governo de capitania-geral e defendeu também a existência de uma relação para os Açores.

Foi derrotado neste programa, mas ele acabou por triunfar com o fim da primeira experiência liberal e constitucional em 1823, tendo o governo de então, em que Pamplona Corte Real era ministro assistente ao despacho, voltado a instituir a *capitania-geral para os Açores.

Mesquita Pimentel foi um dos membros do *governo interino que na sequência da Vilafrancada se formou em Angra em 3 de Agosto de 1823, para governar até à chegada do capitão-geral Stockler, entretanto restabelecido. Este governo foi acusado de arbitrariedades e perseguições aos liberais, mas a sua acção acabou sancionada pelo rei.

Quando se deu em Angra o pronunciamento militar de Caçadores 5, em Junho de 1828, que restabeleceu a Carta e a realeza de D. Maria II, Mesquita Pimentel foi demitido do real serviço e desonerado dos seus empregos pela Junta Provisória estabelecida. Veio a ser integrado em Outubro de 1841, em conformidade com a amnistia de 24 de Agosto de 1840.

Em 1844 fundou conjuntamente com outros cidadãos angrenses, entre eles o visconde de Bruges e Tomé de Castro, o Colégio de Nossa Senhora da Guia, que funcionou na sua casa da Terra Chã, nos arredores da cidade e que ele próprio dirigiu. Os estatutos esclarecem o fim da instituição que pretendia «preservar a inocente mocidade dos terríveis inconvenientes, e erros cracíssimos» das escolas das primeiras letras. O novo colégio, que recebia alunos internos e externos, teve grande êxito. J. G. Reis Leite

Fontes. Arquivo Histórico Militar (Lisboa), cxs. 187, 352, 465, 808 e 1737.

 

Bibl. Castro, Z. I. (dir.) (2002), Dicionário do vintismo e do primeiro cartismo (1821-1823 e 1826-1828). Lisboa, Assembleia da República, Afrontamento, II: 389 e 394. Drumond, F. F. (1981), Anais da ilha Terceira. 2.ª ed., Angra do Heroísmo, Secretaria Regional da Educação e Cultura, IV: 22-74. Estatutos do Collegio de Nossa Senhora da Guia sita na freguesia de Belem da ilha Terceira (1844). Angra do Heroísmo, Officina Terceirense.