Quando um derrame se desenvolve, a porção externa da lava arrefece rapidamente em contacto com o ar. Como as rochas são materiais com muito baixa condutibilidade térmica, a formação de uma crosta progressivamente mais espessa isola termicamente o interior do derrame, ainda líquido. Nas escoadas lávicas mais espessas formam-se, assim, sistemas tubulares, mais ou menos complexos, que conduzem a lava líquida para a frente do derrame sem grandes perdas de calor. Este processo permite que uma escoada atinja distâncias significativas sem que solidifique completamente ao fim de algumas centenas de metros. Quando cessa o fornecimento de lava a uma dessas condutas, seja porque a erupção terminou ou porque ocorreu um bloqueio a montante, a lava ainda líquida pode continuar a fluir para a frente do derrame esvaziando parcialmente a conduta. Formam-se, deste modo, cavidades subterrâneas com geometria linear e declive constante para juzante. Estes tubos, que têm forma cilíndrica quando activos, após o final da erupção apresentam, geralmente, uma secção caracterizada por tectos em arco e fundos planos e horizontais, em resultado da solidificação da lava restante no interior do tubo. Devido à inclinação geral dos tubos e à horizontalidade da superfície da lava líquida remanescente no seu interior, estes tendem a ser totalmente colmatados na sua parte terminal, a juzante. A dimensão dos tubos de lava é muito variável, encontrando-se estruturas com diâmetros de alguns centímetros até uma dezena de metros ou mais. No que respeita a extensão, os tubos de lava podem atingir a centena de quilómetros. Frequentemente, o colapso local do tecto cria clarabóias, as quais constituem pontos de acesso ao interior do tubo. Os maiores tubos de lava são também chamados túneis de lava.
Os tubos de lava são muito comuns nos Açores, em regiões de vulcanismo basáltico. Os de maior dimensão constituem grutas ou furnas que permitem o acesso ao seu interior. São conhecidas grutas deste tipo nas ilhas de S. Miguel, Terceira, Graciosa, S. Jorge, Pico e Faial (Gespea na www). A Gruta do Carvão em S. Miguel (Constância et al., 1994), as grutas do Natal, dos Balcões, das Agulhas, e a Furna da Água na Terceira, assim como a Gruta das Torres e as furnas de Frei Matias, dos Montanheiros ou do Soldão na ilha do Pico, são alguns exemplos das muitas estruturas deste tipo conhecidos nas ilhas. José Madeira
Bibl. Constância, J. P.; Nunes, J. C. & Braga, T. (1994), Património espeleológico da ilha de S. Miguel. Ponta Delgada, Amigos dos Açores. Gespea ? IPEA: Inventário do Património Espeleológico dos Açores. In http://www.speleoazores.com: consultado em Nov. 2007.