No âmbito das comemorações do bicentenário do nascimento de Camilo Castelo Branco, assinalado a 16 de março, a Biblioteca Pública e Arquivo Regional Luís da Silva Ribeiro promove uma mostra bibliográfica que homenageia a obra do escritor moldada numa escrita atemporal e projetada numa visão crítica de quem (re)pensa criticamente a vida em sociedade. A iniciativa decorrerá no espaço Literatura e Artes, entre os dias 14 de outubro e 30 de dezembro.
Camilo Castelo Branco foi considerado o primeiro escritor profissional e um dos mais prestigiados romancistas portugueses do século XIX, a sua estreia literária dá-se em 1845 com o poema Os Pundonores Desagravados, e em 1848 publica a novela A última vitória de um conquistador. A sua obra entrelaça vida e ficção, como sublinha Jacinto Prado Coelho, “a leitura fica enriquecida por um modo de intertextualidade que nos situa entre (com) o “texto” da vida vivida e o texto da obra em que ele, se transpõe ou configura.” (Coelho, 1982, I:28). De resto, como assevera o autor citado, é pela ironia da sátira, ou pela sátira, de qualquer modo, Camilo atinge uma visão sintética, profundamente romântica, da existência, transpondo a dualidade dos contrários.
A sua vasta obra literária é constituída por publicações periódicas, traduções, prefácios, contos, crítica e outras colaborações; mantendo “um estilo de tal forma perfeito e sólido - é sabido que o escritor pouco emendava, e não era apenas pela efetiva pressão dos prazos - é capaz de criar a mais sublime das ilusões: a da realidade, a do plausível que nunca abandona o rocambolesco”, como refere Hugo Santos, na introdução à obra Contos e Novelas: Toda a Ficção Curta de Camilo Castelo Branco.
Os leitores poderão consultar ou requisitar para empréstimo algumas das obras mais conhecidas do autor, tais como: Amor de Perdição, A Brasileira de Prazins ou A Queda de um Anjo, ou ainda explorar obras menos abordadas como O que fazem as mulheres, Coração, Cabeça e Estômago, com prefácio de Gonçalo M. Tavares, entre outras.
Algumas das suas obras foram adaptadas ao mundo cinematográfico, como Amor de Perdição (1979), O caderno Negro (2010) e Mistérios de Lisboa (2018).