Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Câmara, André da Ponte de Quental e

[N. Ponta Delgada, 15.4.1768 ? m. ibid., 21.4.1845] Pertencia a uma das principais famílias da aristocracia micaelense, foi morgado, pai de Filipe Quental e avô de Antero de Quental. Foi jovem para Lisboa, alistando-se no Regimento da Armada de que foi cadete. Amigo íntimo de Bocage, com quem partilhou a casa e a vida boémia, acabando preso. Foi um liberal exaltado, fundador e membro directivo da sociedade secreta do Conselho Conservador, tendo sido já, então, iniciado na Maçonaria.

Em nome do Conselho, que se propunha levantar o reino contra os Franceses, percorreu grande parte do país em propaganda. Teve residência fixa na Madeira, em 1811, mas regressou no ano seguinte a S. Miguel, desiludido e para tomar conta do morgadio. Nessa mesma data vinha, deportado pela Regência, o conde de Sabugal, com quem conviveu e ajudou a espalhar os ideais liberais e maçónicos. Participou na revolução liberal de 1 de Março de 1821, em Ponta Delgada, sendo eleito vice-presidente do governo interino e, de seguida, deputado pela ilha de S. Miguel às Cortes Constitucionais, sendo um dos signatários da Constituição de 1822. Voltou a S. Miguel na sequência dos acontecimentos que puseram fim à primeira experiência constitucional portuguesa, retirando-se da vida política. Em 1832, aceitou ser governador de S. Miguel, mas não conseguindo impedir a aplicação da pena de morte aos participantes da ?Revolta do Castelo? pediu a demissão, não voltando a participar na política.

Antes de morrer destruiu os seus papéis, entre eles as poesias de que ficou a tradição de serem de valor. J. G. Reis Leite (Jan.2001)

Bibl. Dias, U. M. (1931), Literatos Açorianos. Vila Franca do Campo, Empresa Litográfica Lda: 199. Maia, F. A. M. F. (1988), Capitães Generais. 2ª ed., Ponta Delgada, Instituto Cultural de Ponta Delgada: 148-152. Marques, A. H. O. (1990), História da Maçonaria em Portugal. Lisboa, Presença, I: 336.