Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Carreiro, José Bruno

 [N. Coimbra, 28.8.1880 ? m. Ponta Delgada, 4.01.1957] Jornalista, escritor e autonomista. Filho do médico Bruno *Carreiro, viveu a sua infância em Ponta Delgada, frequentou o ensino secundário no continente e licenciou-se em Direito, pela Universidade de Coimbra (1904). Regressou a S. Miguel, onde exerceu o cargo de Subdelegado do Procurador Régio e a advocacia. A partir de 1910, foi nomeado secretário do governo civil, cargo ocupado até à idade de reforma, em 1949. Em 1918, foi chefe do gabinete civil do Alto Comissário para os Açores, general Simas Machado, voltando a exercer a mesma função, em 1927, com o Delegado Especial do Governo para os Açores, coronel Silva Leal. Na área política, aderiu ao Partido Regenerador e colaborou no seu jornal, O Distrito, em 1907-08. No período da República, para além de algumas suspeitas em relação ao seu pendor monárquico, posicionou-se sempre ao lado dos republicanos mais conservadores. Foi a partir de 1920, data em que fundou o *Correio dos Açores e o dirigiu até 1937, que a sua influência marcou a vida política açoriana. Nas páginas daquele jornal diário, desenvolveu uma longa campanha em torno do *açorianismo, apoiou e promoveu reivindicações autonomistas e combateu a hegemonia do Partido Democrático. Com a Ditadura Militar, foi um dos ideólogos da estratégia que levou à publicação do decreto de 16.02.1928. Este decreto ampliou os poderes e as receitas das Juntas Gerais, mas logo de seguida um decreto de Salazar (31.07.1928) anulou as conquistas alcançadas. Nas páginas do Correio dos Açores manifestou o seu desagrado contra algumas medidas impostas por Salazar. No Estado Novo, concordou com as linhas gerais do projecto centralizador, de Marcelo *Caetano, que deu origem ao Estatuto de 1940, embora viesse, em 1952, a tecer algumas críticas à asfixia financeira a que ficaram sujeitas as Juntas Gerais. Ao longo deste percurso, preocupou-se mais em defender uma autonomia financeira que permitisse à Juntas Gerais a realização de obras concretas, do que uma ampla autonomia política reivindicada pelas gerações anteriores. Foi também defensor da unidade açoriana, materializada no projecto político-administrativo da ?Província Açoriana?. Empenhou-se na projecção dos Açores no exterior, promovendo, em 1924, a polémica ?Visita dos Intelectuais? continentais. Para além de jornalista, escreveu várias obras de sucesso: peças de teatro e biografias de micaelenses distintos. Foi condecorado com a comenda da Ordem de Cristo e faz parte da toponímia da cidade. Carlos Enes (Fev.2001)

Obras Principais (1904), Uma véspera de Feriado ? Peça em 3 actos. Lisboa, Liv. Clássica Editora [várias edições]. (1944), Vida de Teófilo Braga. Ponta Delgada, Of. do Correio dos Açores. (1948), Antero de Quental: Subsídios para a sua Biografia. Lisboa, Instituto Cultural de Ponta Delgada, 2 vols [outra ed., 1981]. (1949), Hintze Ribeiro. Ponta Delgada, Sep. da Insulana, Ponta Delgada, V (3-4). (1951), O drama do capitão Dreyfus. Porto, Ed. Educação Nacional. (1952), A Autonomia Administrativa dos Distritos das Ilhas Adjacentes. Ponta Delgada, Sep. da Insulana, Ponta Delgada, VIII (1-2). (1960), A Aliança inglesa: O grande triunfo da diplomacia portuguesa na confirmação da aliança pela declaração secreta de 14 de Outubro de 1899. Ponta Delgada. (1984), Os Maias: Adaptação teatral do original de Eça de Queirós. Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda/ Secretaria Regional da Educação e Cultura.

 

Bibl. Andrade, M. J. (1996), Políticos Açorianos ? Nótulas Biográficas. Ponta Delgada, Jornal de Cultura, I: 84-87. Bento, C. M. (1995), José Bruno Carreiro ? autonomista e escritor. Insulana, Ponta Delgada, LI, 2: 221-35.