Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Quental, Filipe de

[N. Ponta Delgada, 24.5.1824 ? m. Coimbra, 18.7.1892] Professor e poeta. Filho segundo de André da Ponte de Quental, percorreu o primeiro quartel da sua vida na sua cidade natal, sem grandes preocupações de sobrevivência. A chegada de Augusto Feliciano de *Castilho a Ponta Delgada acabou por alterar o rumo da sua vida. Com a presença do poeta aumentou o seu entusiasmou pelas actividades culturais e foi dos primeiros professores a leccionar pelo método de «leitura repentina», numa escola primária fundada pela Sociedade dos Amigos das Letras e das Artes. Ligado a várias associações culturais, promoveu sessões de teatro e organizou serões literários. Incentivado por Castilho, partiu para Coimbra. Estudou Filosofia, mas formou-se em Medicina (1861), concluindo o doutoramento dois anos depois. Passou a lente da Universidade em 1867. Apesar das suas origens socais aristocráticas, defendeu as doutrinas democráticas e esteve ligado à fundação da Sociedade de Instrução dos Operários, onde leccionou gratuitamente. Membro da maçonaria, esteve ligado à loja Pátria e Caridade (1852-1853), que se interessou pelas reivindicações do operariado. Em 1863, fundou a loja Liberdade, de que foi venerável, através da qual combateu a influência dos jesuítas. Embora só tivesse voltado a S. Miguel uma vez, ainda no tempo de estudante, foi eleito deputado pelo círculo de Ponta Delgada, de 1865 a 1868, sem ter mostrado grande apetência para o cargo. Preferia a actividade docente e as intervenções de carácter cultural, em torno do teatro, mantendo o espírito folgazão e irreverente cultivado na cidade natal. Na tese de doutoramento, a única obra publicada, condenou o modo de cultura dos arrozais por ser atentatório da higiene e saúde pública. Como poeta, fez parte da geração romântica, com poemas dispersos pela imprensa micaelense, enquanto lá viveu. Algumas das suas poesias reflectiam preocupações sociais, que depois veio a abraçar com mais garra. Carlos Enes

Obras Principais. (1863), Conclusões Magnas. Dissertação. Coimbra, Imprensa da Universidade.

 

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