Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

La Cerda, João Pereira de

[N. Horta, 12.8.1772(?) (N. 12.9.1772 segundo Lima, 1922) ? m. Matriz, ibid., 26.3.1850 (segundo o registo de óbito, morreu com 73 anos logo terá nascido em 1776)] Também aparece grafado como João Pereira de la Cerda. Literato. Fidalgo, era filho primogénito de Joaquim Pereira de la Cerda, de origem espanhola, e de Emerenciana Dorothea Brum da Silveira, administradores de uma casa vinculada (Macedo, 1959).

Capitão de milícias, de ideias liberais avançadas e tolerante em questões religiosas, manifestou-se pelo pronunciamento liberal dos faialenses em 1821, dedicando-lhe várias composições poéticas (cf. Macedo, 1871, 1: 535; 2: 446). Com o restabelecimento do absolutismo retirou-se para a vida privada, passando largas temporadas na sua propriedade sita na Barca, ilha do Pico. Entre 1831 e 1836, com o governo liberal, voltou à vida pública, mas a cisão acontecida no seu partido fê-lo retirar-se definitivamente.

De cultura vasta e sólida, conhecedor das literaturas inglesa e francesa, fez traduções de várias obras. Voltaire e Molière eram os seus autores favoritos, sobretudo o segundo de quem sabia de memória centenas de páginas (cf. Rebelo, 1980). Grande parte da sua obra perdeu-se quando, na eminência de ser preso pelas autoridades miguelistas do Faial, a enterrou sem cuidar que ficasse devidamente protegida da humidade.

Como poeta, Silveira (1977: 86) considera-o lírico, mas talvez melhor satírico. Porém, Lima (1943: 556) considera-o não ter sido dos mais aprimorados cultores da época. Do que escreveu e traduziu restam menos de duas dezenas de composições poéticas (Silveira, 1977) divulgadas por Macedo (1871; 1959), Rebelo (1980). A versão do romance francês «Eugénio» foi publicada pelo jornal O Democrata (Horta, 1886). Luís M. Arruda

Obras. Segundo os seus biógrafos (cf. Lima, 1943; Rebelo, 1980), traduziu «Retrato» de Diderot, «A monarchia dos solypsos» e «Guerra dos Deuses» de Evariste Parny, «Jorge Dandin» e «Misantropo» de Molière, «Conde d?Essex» de Thomas Corneille, «Branca e Alzyra», «Ensaio sobre os costumes e espírito das nações» de Voltaire e «Eugenio» [romance: folhetim democrata, publicado no jornal O Democrata em 1886].

 

Fonte. Biblioteca Pública e Arquivo Regional da Horta, Livro de Óbitos, Matriz-Horta, 07, 1850: 103[morreu com 73 anos de idade].

 

Bibl. Lima, M. (1922), Familias Faialenses. Horta, Tip. «Minerva Insulana». Id. (1943), Anais do Município da Horta. Vila Nova de Famalicão, Oficinas Gráficas Minerva. Macedo, A. L. S. (1871), História das quatro ilhas que formam o districto da Horta. Horta, Typ. de L. P. da Silva Correa, 2: 446. Poesia em Ibid., 1: 535. Id. (1959), Fayalenses distinctos. XVIII João Pereira de la Cerda. Boletim do Núcleo Cultural da Horta, 2, 1: 97-99 [transcrito de (1881), O Grémio Litterário, Horta, vol. II: 37 (1 de Setembro)]. Rebelo, E. (1980), Açorianos ilustres, V ? João Pereira de la Cerda. Arquivo dos Açores. Ponta Delgada, Universidade dos Açores, 1: 486-489 [transcrito de (1878) O Atlântico, Horta, 20 de Março]. Silveira, P. (1977), Antologia de Poesia Açoriana do século XVIII a 1975. Lisboa, Sá da Costa.