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forte do Negrito

É o último forte a oeste da freguesia de São Mateus da Calheta, ilha Terceira. Foi levantado na última enseada da costa sul a oeste de Angra do Heroísmo com condições para se efectuar um desembarque. Defendia, juntamente com os fortes da mesma linha, a costa sul da ilha a oeste daquela cidade. Terá sido construído por decisão de Ciprião de *Figueiredo, em 1581, segundo o plano de defesa da Ilha de 1567, de Tommaso *Benedetto.

A estrutura original foi substancialmente alterada, nomeadamente no século XIX com a supressão de um baluarte voltado a terra (NO) e de um torreão na extremidade SO. Com uma área de 505 m2, é constituído, presentemente, por uma plataforma lajeada com cinco canhoneiras. Para defender a enseada que limita o forte do lado leste, a muralha foi retirada na extensão de onze metros e cortada ao nível da soleira das canhoneiras em toda a espessura, de modo a formar uma banqueta, com um pequeno fosso para abrigo da guarnição. Dentro do forte erguem-se duas pequenas casas de uma só água, a maior destinada a casa da guarda, a outra, a depósito de palamenta. Na muralha do lado leste, sem canhoneiras e onde se abre a porta, poderá ter corrido um adarve para posicionamento de atiradores de armas ligeiras. O caminho que ligava o forte à estrada nacional tinha, do lado do mar, uma banqueta para fuzilaria. Era guarnecido por cinco artilheiros e vinte auxiliares.

Pela sua importância estratégica, esteve sempre artilhado até finais do século passado. Teve guarnição militar quer durante a I Grande Guerra, quer durante a II Grande Guerra. Serviu de armazém e habitação a pescadores de uma companhia baleeira. As últimas obras efectuadas pelo Exército datam de 1940. Por iniciativa de Manuel Baptista de Lima, então presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, o Exército cedeu o forte à autarquia, para manutenção e aproveitamento cultural e turístico. Tem servido, ultimamente, para exposições temporárias promovidas pela Junta de Freguesia de São Mateus da Calheta. Manuel Faria

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