Governo dos Açores - Secretaria Regional da Educação, Ciência e Cultura - Direção Regional da Cultura

Peixoto, José da Silva

[N. Angústias, Horta, 27. 8.1915 ? m. Lisboa, 15.1.2000] Advogado, notário e escritor. Fez o curso geral no Liceu da sua terra natal, onde foi matriculado pela primeira vez em 1927, e o curso complementar no Liceu de Ponta Delgada. Depois, entre 1934 e 1939, estudou na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa de onde saiu licenciado.

Regressado à ilha do Faial, em 1939, foi delegado, interino, do Instituto Nacional do Trabalho e Previdência, mas, não tendo conseguido nomeação definitiva, não obstante o empenhamento pessoal das autoridades locais, concorreu ao notariado e foi colocado, sucessivamente, em Vila Franca do Campo (1950), no Cartaxo (1965) e em Lisboa (23º Cartório Notarial) (1983).

Fez a sua estreia literária publicando versos e contos no jornal *Mocidade Académica, iniciativa dos estudantes do Liceu da Horta, em 1931, dando então início a uma longa e meritória carreira ligada à cultura.

No Faial, em Dezembro de 1939, instalou com Amílcar *Goulart, Júlio *Andrade, Marcelino *Lima e Osório *Goulart, o Núcleo Cultural Dr. Manuel de Arriaga, todavia, de duração efémera não obstante o objectivo de contribuir para a democratização da cultura naquela ilha.

Dedicou-se ao teatro, como autor, encenador e crítico. Além das peças que adaptou e foram representadas pelo Grupo Cénico do Angústias Atlético Club, entre 1935 e 1945, escreveu diversas comédias e operetas inspiradas em temas regionais, principalmente do Faial.

Da sua obra poética, Ruy Galvão de Carvalho seleccionou para a Antologia Poética dos Açores, os poemas «Manhã de noivado» (Fragmento) (1946), «Sonata da Noite» (1939) e «Luz ao longe» (1939) (Carvalho, 1979: 172-175). Carlos Lobão, seleccionou para uma antologia de contos e narrativas «Ano da fome» (1956), «Romaria da caldeira» (1984) e «O aniversário da filha do morgado Terra» (1986) (Lobão, 1988).

Ainda estudante em Lisboa, foi correspondente do jornal faialense *Correio da Horta, onde publicou inúmeras crónicas, nomeadamente sobre o Primeiro Congresso Açoriano, realizado naquela cidade, em 1938. Cidadão responsável, tem a atestar o seu civismo a colaboração dispersa no diário faialense O Telégrafo, no Diário dos Açores, de S. Miguel, de que foi correspondente, e ainda nos semanários também micaelenses A Ilha, onde publicou a crónica semanal com o título «Jornal da Horta», e A Vila, de que foi chefe de redacção. Colaborou com o Notícias do Cartaxo, o Povo do Cartaxo e o Diário de Notícias de que foi correspondente.

Em Vila Franca do Campo foi presidente da Câmara Municipal de 25 de Janeiro de 1958 a 4 de Outubro de 1965.

Usou, pelo menos, os pseudónimos Ramiro da Silva e Maria da Soledade. Luís M. Arruda

Obras:

Teatro regional: (1938), Margarida vai à fonte Romaria. (1939), Baleeiros. (1942), Casa tu próprio. (1943), Sacrifícios. (1944), Intrusos. (1945), Maior amor. (1946), Aos mártires da Pátria: comédia dramática: quatro episódios. (1947), Regresso. (1948) Mobilização geral.

Teatro de revista: (1940), Cidade maravilhosa. (1946), Bom tempo no canal. (1946), Viva a folia. (1954), Loiça da vila.

Poesia: (1937), Folhas da Primavera. [Horta], Ed. do autor. (?) Cartas de Amor. Horta, Ed. do autor.

Contos: (1956), O ano de fome. Correio da Horta, Horta, n.º 1039, 12 de Janeiro. (1980), Quase só mar. [Inédito]. (1980), O sonho e a vida. [Inédito]. (1981), Primeira romaria. Separata de Correio da Horta. (1981), Romaria da Caldeira. Correio da Horta, Horta, n.º 15898, 23 de Maio.

Outras: (1960), Na Câmara Municipal de Vila Franca do Campo. Insulana, 16, Julho-Dezembro: 256-260. (1960), Palavras. Insulana, 16, Julho-Dezembro: 320-326. (1960), Comemorações henriquinas em Vila Franca do Campo. Insulana, 16, Julho-Dezembro: 245-302 + 7 grav.. (1961), Elogio da imprensa de Vila Franca do Campo. Insulana, 17, Julho-Dezembro: 137-140. (1961), Comemorações do 1º século de jornalismo em Vila Franca do Campo. Insulana, 17, Julho-Dezembro: 137-179. [Também como publicação autónoma, em (1963), Ponta Delgada, Tip. do Diário dos Açores]. (1962), Comemorações do IV centenário do nascimento de Bento de Gois. Insulana, 18: 178-185. (1962), Palavras do Dr. José da Silva Peixoto, Homenagem ao poeta Armando Côrtes Rodrigues em Vila Franca do Campo. Ponta Delgada, s.e.. (1977), Elogio da poetisa Aida Cunha e Silva. Cartaxo, s. e.. (1978), Camões e a epopeia nacional. Cartaxo, Ed. do autor.

 

Bibl. Associação dos Antigos Alunos do Liceu da Horta (s.d.), Relação, por anos de entrada, dos alunos do Liceu da Horta (1852-1976). S.l., s.e.. Carvalho, R. G. (1979), Antologia Poética dos Açores. Angra do Heroísmo, Secretaria Regional de Educação e Cultura. Lobão, C. (1988), Às lapas ? contos e narrativas faialenses. Horta, Centro de Estudos e Cultura da Câmara Municipal da Horta. Ribeiro, F. F. (2007), Em dias passados. Horta, Núcleo Cultural da Horta.