À “boleia” do título atribuído a um dossiê temático publicado na revista Atlântida entre 2014 e 2018, a Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada promove a mostra documental intitulada “Asas sobre o Atlântico”, a qual estará patente no hall de entrada da instituição de 5 de abril a 20 de maio de 2022.
Como referiu Wilbur Wright, um dos pioneiros da aviação, o desejo de voar é uma ideia que nos foi transmitida pelos nossos antepassados que olhavam com inveja os pássaros que voavam livremente pelo espaço na estrada infinita do ar. Este desejo de voar, alto como as estrelas, livre como o vento, que acompanha o homem desde sempre, está patente no mito de Ícaro, na Grécia Antiga, nos estudos de máquinas voadoras e voo de pássaros de Leonardo Da Vinci, no aeróstato de Bartolomeu Lourenço de Gusmão - o padre que queria voar e morreu doido, nas palavras de Saramago - torna--se uma realidade na 1ª década do século XX.
Devido à sua posição geográfica, a meio caminho entre a Europa e a América, os Açores são uma base de apoio e de reabastecimento fundamental nestes tempos pioneiros da aviação, à semelhança do que acontecera na época dos Descobrimentos, em que o arquipélago é uma universal escala do mar do poente, conforme refere Gaspar Frutuoso ao descrever a cidade de Angra nas Saudades da Terra.
Nesta Mostra estão patentes recursos desta Biblioteca e Arquivo que testemunham a presença dos primeiros aviões nos Açores, por altura da instalação da base aéreo-naval americana na baía de Ponta Delgada no âmbito da I Guerra Mundial, no ano de 1918, e na década posterior, com as travessias transatlânticas, no designado “tempo da aviação heroica” e aventureira. Embora não esteja diretamente relacionada com o arquipélago, não podemos deixar de referir a travessia do Atlântico Sul, saga de Sacadura Cabral e Gago Coutinho, no ano em que se comemora o seu centenário.
São expostos documentos dos arquivos do Governo Civil do Distrito de Ponta Delgada, Tavares Carreiro, revistas, jornais da época, monografias das bibliotecas Mota Amaral e António Borges Coutinho, fotografias do acervo do Museu Carlos Machado e do Instituto Cultural de Ponta Delgada.