Tolerância Hoje é o tema da próxima “Espuma dos Dias”, iniciativa do Instituto Açoriano de Cultura, que terá lugar no próximo dia 19 de outubro pelas 18h00, na galeria do IAC e que contará com a presença de José Manuel Anes e Susana C. Gaspar.
Um dicionário de língua portuguesa define “tolerância” como sendo o respeito pelas ideias, crenças ou práticas dos demais. Mas todos conhecemos também a expressão “tolerância zero”, expressão que é, em si, um oxímoro. Ora a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que data de 1948 e foi aprovada por vários países, no contexto da Organização das Nações Unidas, diz, no seu artigo 7º: “Todos são iguais perante a lei e, sem qualquer discriminação, têm direito a igual proteção da lei. Todos têm direito a proteção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.” E, de facto, ao longo da segunda metade do século XX e na primeira década deste, muitos foram os países que laboraram nesse sentido. No entanto, nos últimos anos, têm surgido sinais alarmantes, com o regresso da xenofobia e novas formas de intolerância, de que o IRA (Intervenção e Resgate Animal) e a recente posição da reitoria da Universidade de Coimbra são exemplos nacionais.
Assim, entendeu o Instituto Açoriano de Cultura que era urgente debater o tema da tolerância. Para tal, convidou duas figuras de destaque nacional que têm refletido sobre estas questões, José Manuel Anes e Susana C. Gaspar, respetivamente Presidente do Conselho Consultivo do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo e ex-Presidente da Direção da Amnistia Internacional Portugal (entre 2015 e 2017).
José Manuel Anes abordará o tema da tolerância ativa, que exige uma verdadeira abertura antropológica ao outro e implica um conhecimento emocional desse outro, das suas tradições, hábitos e cultura.
Susana C. Gaspar falará dos tempos difíceis em que, apesar de vivermos uma era global e de fácil acesso à informação, se dá o agravamento do discurso de ódio e onde a falta de sentido crítico e de empatia enche as caixas de comentários das redes sociais. Para salientar a existência, ainda assim, de inúmeros projetos que querem reverter essa situação - projetos da sociedade civil, de artistas, de pedagogos por via da valorização da diversidade cultural e do sentido comunitário.
José Manuel Anes licenciou-se em Química pela Faculdade de Ciências de Lisboa e foi, durante cerca de vinte anos, criminalista do Laboratório de Polícia Científica da Polícia Judiciária, além de professor em diversas instituições universitárias, como a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, a Universidade Lusíada de Lisboa e do Porto, a Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, o Instituto Universitário Militar, entre outras. É diretor, desde o nº. 1, da revista Segurança e Defesa e foi fundador, Presidente da Direção e Presidente do Conselho Consultivo do Observatório de Segurança, Criminalidade organizada e Terrorismo. Autor de várias obras, tem tido presença regular em jornais, revistas, rádios e TVs como comentador de assuntos de criminalidade, particularmente de Terrorismo.
Susana C. Gaspar é investigadora, artista de teatro, professora e ativista. Licenciou-se em Ciências da Cultura, com especialização em Comunicação e Cultura na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, sendo atualmente doutoranda em Estudos Artísticos – Arte e Mediações e Bolseira de Investigação da FCT. Em 2011, encenou “Lampedusa”, sobre os refugiados no Mar Mediterrâneo. Entre 2015 e 2017 integrou a Comissão para a Igualdade e contra a Discriminação Racial (CICDR). Desde 2016, leciona no Instituto Politécnico de Lisboa - Escola Superior de Educação.