No âmbito da Temporada Artística 2018 e do Ano Europeu do Património Cultural, a Secretaria Regional da Educação e Cultura, através da Direção Regional da Cultura, promove, nos próximo dia 15 de março, pelas 21h00 na Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça, a apresentação da longa-metragem intitulada O Feiticeiro da Calheta, da autoria do realizador madeirense Luís Miguel Jardim.
Com a duração de cerca de uma hora e quinze minutos e dirigido a maiores de 12 anos, com entrada livre, este trabalho cinematográfico procura retratar, com finalidades marcadamente pedagógicas, as vivências e os costumes das gentes da ilha da Madeira nos anos 30 e 50 do século passado, com especial destaque para “O Feiticeiro da Calheta”, uma figura ilustre, um poeta analfabeto acarinhado e muito reconhecido pelo povo da Calheta.
Trata-se de uma obra de cariz vincadamente fictício, embora nela sejam narrados alguns factos próximos de uma realidade vivenciada por João Gomes de Sousa, conhecido como “o Feiticeiro da Calheta”: um poeta distinto e autor da génese da letra do Bailinho da Madeira. O regime que marcou profundamente a história da Madeira, alicerçado numa relação injusta e desequilibrada entre senhorios e colonos, a intriga social, as profissões da época, as raízes culturais de um povo, os grupos folclóricos, são algumas das temáticas apresentadas neste filme, que conta com a participação especial de Alberto João Jardim, Irineu Barreto, Nini Andrade Silva e João Carlos Abreu. A vida sofrida das gentes da época, mascarada por uma teia de afetos entre os intervenientes, com destaque para as relações entre pais e filhos, constitui o suporte base do guião que dá corpo a esta homenagem que é feita ao povo da terra. Este é um trabalho que envolveu, entre atores, figuração e equipa técnica, mais de 400 pessoas, e tem a particularidade de contar com uma banda sonora inteiramente original, a cargo do compositor madeirense João Augusto Abreu.
Luís Miguel Jardim nasceu no ano de 1965, no Funchal, é licenciado em Direito e exerce as funções de assessor jurídico na Escola Jaime Moniz no Funchal. Durante 10 anos foi também coordenador do clube de cinema da Escola e, nesse âmbito, produziu e realizou vários trabalhos, destacando-se a longa-metragem Águas, trabalho apresentado posteriormente na RTP. Lançou-se em 2015 na produção cinematográfica independente com O Feiticeiro da Calheta, uma longa-metragem inteiramente regional e que foi vista por mais de 13000 espetadores na Madeira, Porto e África do Sul.
É jurista de formação, mas tem frequentado formações em realização, edição, e cinematografia dentro e fora da Ilha. Nuno Rocha, Leonel Vieira, Eduardo Costa e Fernando Fragata foram alguns realizadores que contribuíram de forma mais vincada para a sua formação. É um adepto confesso do estilo cinematográfico do realizador italiano Sérgio Leone e espelha, não raras vezes, os seus planos nas longas-metragens que tem produzido e que invariavelmente incidem sobre as vivências passadas das gentes da Ilha da Madeira.